Conforme prometemos, aqui está uma humilde colaboração do Blog do JC para o novo dirigente da Secretaria de Defesa Social (SDS), o delegado da Pol?cia Federal Romero Lucena de Meneses.

Reafirmamos que trata-se apenas do interesse público da sociedade em geral e não necessariamente contra as sociedades limitadas.

Abaixo, segue trecho da reportagem especial dos jornalistas Ciara Carvalho e Ricardo Novelino, do Jornal do Commercio, publicada no JC do dia 8 de abril de 2001.

E só para refrescar a memória mais recente, o delegado Romero Lucena de Meneses disse, no seu discurso de posse (nesta quarta-feira, 3), que é "incompat?vel" a atividade de segurança privada desempenhada por policiais na ativa, além de assegurar que não admite uma "pol?cia pol?tica".

O delegado foi contundente e avisou: os policiais donos de empresas de segurança privada não terão espaço na Secretaria de Defesa Social, bem como os policiais envolvidos com a pol?tica.

Romero disse: "Temos um departamento de inteligência que vai nos trazer essas informações.

Caso fique comprovada essa dupla função, o policial vai ter que escolher o que quer fazer.

Trabalhar na instituição ou ser empresário".

Abaixo, nossa contribuição: Alto escalão policial invade mercado da vigilância Por Ciara Carvalho e Ricardo NovelinoDa editoria de Cidades do JC O mercado milionário das empresas de segurança privada foi invadido pelo alto escalão das pol?cias de Pernambuco.

De olho nos lucros de um setor que já movimenta 10% do PIB do Pa?s, delegados e oficiais da Pol?cia Militar, na ativa e na reserva, institucionalizaram a atividade paralela e transformaram o \bico, comum entre os praças e agentes, numa atividade de luxo.

A \viração\ entre os policiais graduados cresce a cada dia, aproveitando a explosão da violência no Grande Recife.

Atualmente, esse mercado emprega 8,5 mil pessoas, sem contar os 11 mil homens que integram um verdadeiro exército clandestino.

O JC constatou que em dez empresas cadastradas na Junta Comercial e na Pol?cia Federal, órgão responsável pela fiscalização dessa atividade, os policiais gerenciam, são donos ou têm algum envolvimento com firmas de segurança privada.

A participação de oficiais e delegados nessa atividade põe em xeque a ética, fere a legislação e, o que pior, conta com a tolerância das autoridades e da própria sociedade.

Exercer atividades fora das pol?cias Militar e Civil deixou de ser um \bico\ exclusivo dos praças e agentes.

Virou negócio de luxo.

Chegou ao alto escalão das duas corporações e já se transformou numa prática institucionalizada.

Oficiais e delegados da ativa e da reserva descobriram o filão do mercado de segurança privada e estão ganhando dinheiro com a insegurança e a violência que, como funcionários públicos, eles são pagos para combater.

Um achado valioso: o setor de vigilância privada já corresponde a 10% do PIB nacional e é o que mais cresce no segmento de serviços.

Em Pernambuco, ele emprega no mercado formal 8,5 mil pessoas.

Quando se trata do comércio clandestino, esse número chega a 11 mil.

O problema é que, embora seja rentável, a atividade paralela é ilegal.

Infringe, pelo menos, duas leis federais e uma estadual.

E esbarra num ponto delicado: a questão ética.

A participação de oficiais e delegados virou fato tão corriqueiro que, dentro das corporações, é consenso que essa é uma prática dif?cil de ser quebrada.

O ex-comandante da Pol?cia Militar coronel Antônio Menezes, hoje na reserva, dá a dimensão do problema. "No momento, comandante nenhum tem condições de barrar ou impedir esse tipo de atividade entre os graduados.

Eu desconheço autoridade policial que conseguiu fazer isso.

Nem antes de mim, nem depois." O próprio coronel Menezes começou a atuar no setor privado quando ainda era da ativa.

Entrou para a Nordeste Segurança de Valores nos tempos de major e hoje é superintendente na área de segurança da empresa.

Sempre citado como "o exemplo clássico" desse tipo de prática, faz tempo que o coronel Menezes não está mais sozinho.

Dados da Pol?cia Federal, órgão responsável pela fiscalização do setor, mostram o poder dos policiais graduados dentro do mercado de segurança privada de Pernambuco.

Das 45 empresas de vigilância cadastradas na PF, o Jornal do Commercio descobriu que, em pelo menos dez firmas, oficiais e delegados atuam como proprietários, funcionários ou têm algum tipo de v?nculo com a empresa.

Leia a reportagem completa aqui (publicamos na seção ARTIGOS, ao lado).