Em pol?tica, as situações costumam mudar como as nuvens, mas é poss?vel afirmar com uma relativa segurança que o sonho do presidente da Assembléia Legislativa, Romário Dias (PFL), é ser nomeado para o Tribunal de Contas do Estado, antes mesmo da nova vaga que será aberta com a aposentadoria do atual presidente do órgão, Romeu da Fonte, em março de 2007.

Para atingir tal objetivo, Romário Dias joga com vários cenários e batalha em diversas frentes.

A ameaça de disputar mais um vez a presidência da casa, em um inédito quarto mandato, é parte desta estratégia.

O deputado tem dito a amigos que vai esperar ver o que acontece, com a divisão dos candidatos socialistas. “Até o dia 15 de janeiro, ele sente como está a onda e decide para onde vai.

Então, ele olha quem vai ganhar, oferece apoio e recebe em troca a garantia de que o seu nome será aprovado na lista tr?plice enviada pela Assembléia Legislativa.

O cara é uma águia.

Se os dois bobearem, ele força um segundo turno, obtendo os votos de um ou outro lado???, observa um interlocutor próximo do processo.

O próprio Romário Dias vem afirmando publicamente que só sai candidato se for por toda a casa e que não quer entrar em bola dividida. “Só vou para um quarto mandato se for chamado???, é o que Romário tem explicado a amigos.

De acordo com outro parlamentar, o presidente da AL está usando a eleição como moeda de negociação. “Na verdade, ninguém aguenta um quarto mandato de Romário Dias, mesmo com toda sua habilidade pol?tica???, avalia uma fonte do Blog do JC. “Assim, ele coloca os socialistas para trabalharem por sua candidatura ao TCE???, completa.

Para outro observador da cena pol?tica, o momento é o ideal porque ele garante agora a vaga, em um cenário de incertezas pol?ticas com o novo governo dando as cartas em 2007.

Há duas semanas, sem que a imprensa tivesse tomado conhecimento, Romário Dias teve uma reunião com o pessoal do MP de Contas para tentar fechar um acordo.

Um ficaria com a vaga que estaria em disputa no STF (Romário) e o outro (o MP) com a próxima.

Ninguém soube.

Ou, pelo menos, não divulgou.

O MP de Contas não aceitou o acordo.

Quer as duas vagas.

Romário então decidiu ir para o confronto.

A vaga que é objeto de disputa foi aberta em 2005 com a aposentadoria de Roldão Joaquim, de volta agora à ativa com uma secretaria de Articulação Social no governo Eduardo Campos.

O TCE diz que a vez é do Ministério Público de Contas e a AL diz que a vaga é dela.

Na época, o procurador geral do MP de Contas no TCE que iria assumir a vaga era Dirceu Rodolfo.

Ele chegou a ser indicado pelo então governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), mas a briga foi parar na Justiça.

Na briga com o MP de Contas, Romário Dias tem o apoio integral da AL, pois todos os deputados assinaram a ação que reclama a vaga no Supremo Tribunal Federal.O racioc?nio do pessoal da AL é mais ou menos simples.

Na reformulação realizada para os critérios de escolha em 1988, ficou estabelecido que quatro vagas seriam indicadas pela AL e as outras três pelo governador, sendo uma de um auditor, outra no MP e outra de livre escolha do governador. “Se ele (Roldão Joaquim) é da vaga da AL, quem tem que indicar é a AL???, argumenta um parlamentar próximo a Romário.

O TCE entende que tem que seguir a lei, mas as decisões mais recentes tem favorecido a defesa apresentada pela AL.

Há quem diga que o aumento de salários que o governo do Estado acaba de sancionar para o MP de Contas faça parte de uma estratégia maior, de compensação ao MP pela vaga que vai para Romário Dias.

Só os próximos lances nos permitirão saber o jogo real que está valendo agora, nos bastidores.

Com a provável ida de Romário Dias para o TCE, quem assumiria em seu lugar na Assembléia Legislativa é o deputado Sebastião Rufino, um pefelista roxo e primeiro suplente da coligação.