A mensagem de Natal que eu ofereço a vocês é inspirada no jornalista americano Edward Murrow, cuja vida profissional é exemplo de inspiração para todo profissional da área.
Nesta hora de reflexão, gostaria de compartilhar alguns desses ensinamentos com vocês.
Ele deu um exemplo pessoal de que se deve lutar até cair.
Entrou para a história das comunicações o discurso de Edward Murrow na Associação dos Diretores de Not?cias de Rádio e TV, em 25 de outubro de 1958, nos EUA, onde foi objeto de um tributo.
Alguns anos antes, ele havia entrado em uma disputa infernal com o senador americano McCarthy, em torno da liberdade de expressão na TV americana.
O cara fazia um jornalismo opinativo, sem ser engajado a nenhuma corrente pol?tica.
Ter opinião própria sempre incomoda aos poderosos, de esquerda, direita ou de centro.
Caiu, mas foi demitido de seu programa atirando.
Ele acreditava que a nossa história é o resultado do que fazemos.
Se continuarmos como estamos, dizia, ela nos fará pagar pelos erros que cometemos hoje.
O cara também era um cr?tico ácido da maneira indulgente com que se trata a opinião pública.
Cobrava provas de decência e reclamava da alienação e falta de cobertura da realidade que vivia.
Reclamava que já naquele tempo havia muita gente rica, gorda, segura e complacente com a cobertura na TV.
No entanto, ainda hoje somos inclinados a evitar informações perturbadoras e desagradáveis.
Aqui neste espaço, mostramos gente urinando em comida numa boate e uma garotinha sem-banheiro defecando ao ar livre, numa favela do Grande Recife.
Alguns acham isso pura zona.
Não acho. É denuncia social.
Jornalismo que não incomoda não é jornalismo.
Infelizmente, a m?dia em geral ainda reflete essa atitude complacente e isso é perturbador, dizia Edward Murrow. “Se o ve?culo (falava de TV, mas também serve para jornais) só servir para divertir e alienar, a TV é um perigo.
O ve?culo pode ensinar e esclarecer (no sentido de ampliar horizontes).
Do contrário, transforma-se apenas em um monte de luzes dentro de uma caixa preta”, afirmava.
Além de sua pregação contra a alienação, o melhor de tudo em Edward Murrow era sua elegância, não apenas pelos belos ternos pretos que usava.
Edward Murrow dizia que nunca se deve confundir divergência com deslealdade.
Ele era uma daquelas pessoas civilizadas, que não forçam ninguém a concordar com seus princ?pios pol?ticos como condição para uma conversa civilizada.
Gente madura pode conversar e polemizar, sem ser convertida ou contaminada.
Assim, eu e Cec?lia Ramos desejamos a vocês, leitores do Blog do JC, um bom Natal.