Veja como repercute o aumento de 90,7% no salário dos deputados e senadores, definido ontem, na Câmara e no Senado.

A partir de 1º de fevereiro de 2007, entram em vigor os novos vencimentos, que foram elevados de R$ 12.847 para R$ 24,5 mil, equiparando-se ao teto do Judiciário.

A maioria dos parlamentares participantes da reunião que votou a favor da indecente proposta não deu declarações sobre o assunto.

E quem falou mais irritou do que ajudou.

O l?der do PDT na Câmara, Miro Teixeira (RJ), saiu-se com esta pérola: "Se você comparar ao salário m?nimo, é muito, é muit?ssimo.

Não existe muito e não existe pouco.

Se você comparar grandezas diferentes, você vai encontrar resultados diferentes." Pior foi o l?der do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), que disse o inacreditável e só faltou comparar o aumento a uma esmola. "Não é salário, é subs?dio, onde as pessoas têm que ter uma condição, uma boa condição, para exercer o seu mandato parlamentar".

Já o l?der do PTB na Câmara, José Múcio Monteiro (PE), que votou a favor do aumento, foi evasivo, mas ponderou: "Tem que se enfrentar o problema, tem se que falar sobre isso.

Não é pecado se tratar disto.

Pecado é se propor imoralidade.

Tem que se procurar um número que não desestimule os sérios a continuar na vida pública".

Abaixo, leia o que foi dito hoje sobre a polêmica medida: Presidente Lula (PT)"Não vai ter efeito cascata (no funcionalismo público federal), pode ficar certo disso porque não vamos abrir mão da nossa responsabilidade de manter uma pol?tica fiscal com o desejo que temos de crescimento. (…) Eu acho que o pa?s comporta (o reajuste) se o pa?s tiver crescendo a economia, se o pa?s estiver rico.

Agora, como os dois presidentes (da Câmara e do Senado, Aldo Rebelo (PC do B-SP) e Renan Calheiros (PMDB-AL))conhecem os seus orçamentos, eles sabem se dá ou não para dar. (…) O Congresso decidiu uma coisa deles.

Cada um toma as decisões e cada um se responsabiliza pelo resultado".

Marco Aurélio Melo - presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)Ele rebateu o presidente Lula, que nesta sexta-feira disse não acreditar que o reajuste dos deputados e senadores iria provocar um efeito cascata no funcionalismo público. "A Constituição Federal cogita da fixação dos subs?dios dos deputados estaduais a partir do que percebem [recebem] os integrantes do Congresso.

Toda vez que uma categoria alcança um patamar remuneratório mais satisfatório, a tendência é outros segmentos reivindicarem. (…) A temporada [de reajuste salariais] está aberta. (…) Felizes são aqueles que podem se autoconceder aumento".

Tarso Genro (PT) - Ministro das Relações Institucionais"Eu acho que um pa?s como o Brasil deveria ter um limite, um teto, bem mais baixo do que tem.

Nós devemos seguir o exemplo dos pa?ses altamente desenvolvidos, que já têm a experiência social-democrata. (…) Tem pa?ses que estão num patamar civilizatório muito mais alto do que o nosso e a diferença salarial do serviço público é de 1 para 8, 1 para 7.

Aqui no Brasil é extremamente gritante, reproduz as desigualdades sociais para dentro do Estado".

Roberto Busato - presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)"É lamentável ver o dinheiro público ser gasto dessa forma em um verdadeiro trem da alegria e isso no final de uma legislatura que fica marcada por atitudes insanas, antiéticas e, agora, imorais, como essa do reajuste dos vencimentos".

Gustavo Petta - presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE)"Os estudantes consideram inaceitável o aumento, de 90,7%, elevando os rendimentos dos parlamentares de R$ 12,847,20 para R$ 24.500.

Diante da realidade do pa?s, no qual o salário m?nimo hoje vigente é de R$ 350, o reajuste dos deputados e senadores é absurdamente desproporcional. (…) A UNE desafia esses mesmos parlamentares que aprovaram os seus próprios reajustes salariais a conceder tal aumento, de mais de 90%, ao minguado salário m?nimo que sustenta boa parcela do povo brasileiro". *Com informações do portal G1 e da Folha Online. ————- O Blog do JC faz questão de registrar os nomes abaixo, já que a memória costuma ser curta…

QUEM VOTOU CONTRA A MEDIDA A l?der do PSOL no Senado, Helo?sa Helena (AL), ficou contra qualquer reajusteO l?der do PSOL na Câmara, deputado Chico Alencar (RJ), defendeu um ?ndice que fosse a média dos reajustes concedidos aos servidores públicos, o que daria 17%;*O l?der do PT na Câmara, deputado Henrique Fontana (RS), defendeu a reposição da inflação dos últimos quatro anos, 28,4%.

QUEM SE ARREPENDEU *O vice-l?der do PPS na Câmara, deputado Raul Jungmann (PE), divulgou nota na noite de ontem anunciando que vai renunciar à parcela que ultrapassar a reposição salarial correspondente à inflação do per?odo. (Por Cec?lia Ramos)