Por Mônica CrisostomoDo Jornal do Commercio Discrição. É com essa palavra – originada do latim (discretione) – que o governador eleito Eduardo Campos (PSB) se prepara para concluir, ao longo desta semana, as negociações para composição de sua equipe.

Apesar dos rumores de que já teria feito vários convites, aliados com livre trânsito são unânimes em afirmar: a lista dos "secretariáveis" está pronta, mas somente nos próximos seis ou sete dias as conversas com os que serão convidados acontecerá.

Ontem à noite, Eduardo reuniu-se com a equipe de transição e recebeu o relatório parcial das informações colhidas pelo grupo e analisadas pelos técnicos.

Hoje, o governador eleito viaja a Bras?lia para um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na condição de presidente nacional do PSB, Eduardo foi convocado para discutir a formação do novo ministério.

A conversa, garantem aliados, também será definitiva para "fechar" lacunas na formação do governo estadual.

Cuidadoso, Eduardo tem conseguido proteger as costuras do seu primeiro escalão.

Encerrada a fase do diálogo, quando dirigentes dos partidos foram sondados, a próxima fase será a da abordagem direta aos escolhidos.

A exceção será o PT.

Em vez de de "puxar" um nome, o governador eleito vai pedir formalmente ao comando da legenda a indicação de um de seus quadros.

A medida visa evitar que Eduardo se envolva na disputa interna entre os grupos do prefeito do Recife, João Paulo, e o candidato derrotado ao governo, o ex-ministro da Saúde, Humberto Costa.

Nos bastidores, contam que o cuidado para evitar o vazamento de informações é tanto que incluirá "esquemas especiais".

Entre as estratégias adotadas está a mudança constante dos lugares das reuniões.

Quem for sondado receberá a recomendação de não falar sobre o assunto, sob pena de "paralisar" as negociações.

A idéia é que nem mesmo os oficialmente convidados saibam os nomes dos futuros colegas.

Ainda segundo fontes ligadas a Eduardo, a distribuição das pastas está praticamente fechada.

Com o PSB devem ficar as secretarias da Fazenda, Casa Civil, Saúde, Educação, Cultura, Defesa Social e a Procuradoria Geral do Estado.

As demais serão distribu?das, prioritariamente, entre PT, PL, PTB e PDT.

As outras siglas – 12, ao total – serão contempladas com cargos dos segundo e terceiro escalões.

Por isso, asseguram os socialistas, a estratégia de "fechar as porteiras" das secretarias, tática na qual a indicação dos principais cargos ficaria à disposição do governador, e não do secretário, será, de fato, adotada.

Empresas estatais e outros órgãos servirão de auxiliares para acomodar aliados.