O passado bate à porta, na Empetur.
Neste semana que começa, os funcionários da Empetur vão procurar a nova equipe de governo para falar da estatal e pedir a apuração de denúncia de desvios de recursos, ainda na gestão do ex-presidente Kleber Dantas.
O objeto da polêmica é uma operação de captação do vôo charter da empresa americana Blue Brazil.
A Empetur investiu US$ 200 mil (cerca de R$ 500 mil na época) na operação, mas o vôo fretado acabou sendo cancelado no último dia 20 de maio do ano passado, sem nenhum comunicado à Empetur, que soube através da empresa de receptivo local.
O presidente da Empetur somente foi comunicado do cancelamento no dia 25 de maio, cinco dias depois da Blue Brazil já ter informado oficialmente do desfecho a Varig.
Quem repassa a informação para a Empetur não é a operadora americana, mas a empresa de receptivo local, denominada Scandinavian Plus.
Segundo os empregados, a empresa deu o mesmo golpe em Natal e Kleber Dantas teria sido alertado a não ajudar financeiramente a Blue Brazil tanto pelo ex-presidente da Empetur Tom Uchoa como pelo diretor comercial, Francisco Rosário.
Ambos já foram desligados da estatal.
No ano passado, o então presidente da Empetur defendeu-se acusando perseguição pol?tica. "Agora isto só está ocorrendo porque há uma tentativa de moralização da empresa e existem interesses pessoais e pol?ticos contrariados.
Quem não cumpre horário ou falta ao serviço não deve estar gostando que se estabeleça compromissos com resultado e avaliação", afirmou.
Os detalhes da operação vieram a público com a violação do email do presidente da Empetur, Kleber Dantas.
Detalhes da operação, guardados na correspondência eletrônica do presidente da Empetur, foram divulgados em um dossiê distribu?do pelo sindicato da categoria, anteontem.
Com o vazamento das informações, surgiu uma contradição na versão da Empetur para a atração do vôo.
Segundo a estatal, o dinheiro foi gasto em publicidade em Nova Iorque, para estimular a demanda de passageiros.
Numa carta enviada à Varig, o sócio da Blue Brazil, James Sletteland, reclama que o dinheiro chegou tarde, não se referindo diretamente à publicidade. "O ocorrido (cancelamento) em parte pode ser justificado porque a Blue Brazil não recebeu fundos no tempo certo dos Estados ou de outros agentes privados", diz o trecho.
A Empetur nega que tenham sido feito pagamentos à empresa.
Na época, a direção da Empetur disse que foi a agência Gruponove que fez a campanha, mas solicitado a apresentar as peças da campanha, Dantas disse que os trabalhos seriam apresentadas em 30 dias, ao Conselho de Administração.
Até hoje não vieram a público.
Segundo a Empetur, as peças teriam sido feitas pela Gruponove, que atende a conta da estatal, sob a coordenação da empresa MCI, do marqueteiro Antônio Lavareda.
A desculpa apresentada pela Blue Brazil não faz sentido, considerando que, se tivesse passageiro, eles poderiam trazer com outra empresa aérea. "O problema é que eles não eram do ramo.
O negócio era mal-amanhado desde o começo.
Agora, quem pariu Mateus, que o balance", disse um assessor bastante próximo ao governador Jarbas Vasconcelos, na época.
A melhor comprovação disto é a pouca surpresa de um dos diretores da Varig Airlines, no Rio de Janeiro, com o cancelamento. "Conforme prev?amos o Jim cancelou a operação.
Veja a carta em anexo (confidencial)", diz o executivo