Por Roberto MagalhãesDeputado federal O presidente Lu?s Inácio da Silva continua falando demais para quem é chefe de estado e de governo de uma nação.

Agora, de forma preocupante.

Ele parece se considerar legitimado para alterar alguns cânones da democracia representativa.

Em reunião com 16 governadores eleitos pediu que deixassem para fazer oposição a ele e ao seu governo até 2010, e que agora todos se unissem para fazer o Brasil crescer.

Talvez o presidente desconheça que sem oposição não existe democracia.

Somente nas ditaduras a oposição não tem presença nas assembléias pol?ticas, mas sim no cárcere ou no ex?lio.

Recentemente, em Guarulhos, São Paulo, Lula citou os obstáculos que ele visualiza para “os canais de desenvolvimento do Pa?s???: as leis, as questões ambientais, a burocracia, a oposição, o Congresso, o Ministério Público e o Tribunal de Contas (Folha de S.Paulo, 1º caderno, edição de 27/11/2006).

Esqueceu o presidente que as leis e as instituições citadas são indispensáveis ao funcionamento do Estado de direito?

Valeria suprimi-las ou debilitá-las em prol de um programa econômico de governo, por sinal nem ainda formulado nem debatido pela sociedade?

Lula, em sua investida contra as instituições democráticas, deixou de mencionar três obstáculos muito importantes para o alcance do almejado desenvolvimento: a carga tributária excessiva de 36% do Produto Interno Bruto (PIB), os juros altos e o crescimento med?ocre da economia em seus quatro anos de governo.

Na mesma linha do presidente Lula estão as declarações do seu alter ego Marco Aurélio Garcia, presidente interino do PT, em entrevista à Folha de S.Paulo.

Disse que não se faz uma mudança no pa?s em quatro ou oito anos mas sim em uma geração, pretendendo ressuscitar a tese do falecido Ministro Sérgio Mota, nos anos 90, de que os tucanos permaneceriam por 20 anos no poder…

Tudo isso torna cinzento e incerto o futuro em médio prazo do Brasil e revela como são frágeis as convicções democráticas daqueles que se diziam os arautos da liberdade, em tempos não muito distantes.

Além dessas manifestações de autoritarismo e continu?smo, Marco Aurélio Garcia também investe contra a imprensa em declarações que se tornaram manchetes em vários jornais, afirmando que a m?dia contra Lula perdeu a eleição, e mais, que uma parte da imprensa hoje perdeu enormemente a credibilidade. É de se prever que a oposição parlamentar venha a se reduzir numericamente, pela cooptação do governo através da partilha do poder e do adesismo de muitos.

Mas quanto menor ela seja, mais relevante será a sua luta contra o autoritarismo, o populismo e a arrogância.