Com forte poder para influenciar a opinião pública, a classe média e os ricos de Pernambuco toleram de maneira incr?vel a violência, o estado permanente de insegurança, o toque de recolher.
Não querem saber de confronto.
Principalmente pol?tico.
Só saem às ruas se for para uma sessão de catarse.
Vez ou outra caminham pedindo paz, assim, de maneira genérica e assistem emocionados aos minutos de dor profunda e choro das fam?lias atingidas por essa tragédia pernambucana que é a violência.
Quando seus filhos não são abatidos por um crime bárbaro como o que vitimou Rafael, violência não é problema deles. “Que esse coqueiro seja visto por todos, inclusive pelos bandidos, para que eles saibam o que provocam quando tiram a vida de alguém.
Roubar nós aceitamos, mas matar não???, afirmou Bruno, irmão de Rafael, durante ato pela paz, ontem, em Boa Viagem.
Bruno deve ser extremamente respeitado em sua dor.
Mas a idéia de que roubar é aceitável, não.
Assim como não é poss?vel aceitar que os jovens pretos, pobres e sem futuro estejam morrendo feito moscas nas periferias do Recife.
O que falta em todo esse debate sobre violência é, acima de tudo, politização.
A responsabilidade pelo combate à violência tem nome, endereço, telefone e e-mail.
O ex-governador Jarbas Vasconcelos, do PMDB, morador do Rosarinho, no Recife, e o atual, Mendonça Filho, PFL, que vive em Boa Viagem, nunca deram o tratamento adequado à questão da segurança pública.
Também nunca foram adequadamente cobrados por isso.
Agora é tarde - no caso de Jarbas e Mendonça.
Em oito anos de gestão, mais de 32 mil pessoas foram assassinadas, entre elas, Rafael e Antonio Carlos Scobar.
Daqui a pouco mais de um mês começa o governo de Eduardo Campos (PSB).
Se a sociedade der a ele a folga que os outros tiveram, podem ter certeza de que em quatro anos estaremos falando a mesma coisa.
A sa?da para a violência é pressão sobre ele.
E o endereço que Eduardo ocupará é o seguinte: Palácio do Campo das Princesas, Praça da República, centro do Recife. ———————— Boa Viagem diz não à violência Do Jornal do Commercio O bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, se vestiu de branco, ontem, para pedir paz e o fim da violência.
A morte do universitário Rafael Dubeux, 21 anos, assassinado durante um assalto no domingo, dia 19 deste mês, foi o mote principal de duas manifestações.
Os familiares do jovem participaram de uma corrida e plantaram uma muda de coqueiro perto da quadra de tênis onde ocorreu o homic?dio, na beira-mar.
O universitário também foi lembrado diversas vezes pelos participantes da VII Caminhada pela Paz, que comemoraram o Dia Municipal da Paz.
A homenagem a Rafael Dubeux começou às 18h30, com uma corrida de três quilômetros, organizada por familiares do universitário e pelo Grupo de Corredores de Rua do Recife.
Cerca de 200 pessoas participaram, entre elas a mãe de Rafael, Mariza Dubeux, e os irmãos Bruno e Romero Dubeux.
Sempre abraçados ou de mãos dados, os parentes levaram o grupo do Edif?cio Portugal, na Avenida Boa Viagem, até o 1º Jardim, onde ficam as quadras de tênis.
Romero Dubeux, que estava com o irmão no dia do crime, não conteve o choro ao chegar ao local.
Amigos e pessoas desconhecidas cercaram a quadra e rezaram em homenagem ao universitário.
Palmas e gritos de “valeu Rafa???, eram ouvidos a cada instante. (…) No fim da homenagem, Bruno, irmão da v?tima, leu um poema escrito pelo pai, que não pôde estar presente, emocionando todos os participantes da manifestação. “Rafa você sempre estará presente em nossos corações, principalmente pela sua vontade de viver.
Que esse coqueiro seja visto por todos, inclusive pelos bandidos, para que eles saibam o que provocam quando tiram a vida de alguém.
Roubar nós aceitamos, mas matar não.???
Leia mais aqui (assinantes JC e UOL). ———————— Minuto de silêncio e orações marcam caminhada na orla Do Jornal do Commercio O universitário Rafael Dubeux também foi lembrado na VII Caminhada da Paz.
As cinco mil pessoas que participaram do evento fizeram um minuto de silêncio ao passar pela quadra de tênis onde aconteceu o assalto que resultou na morte do jovem.
Uma Ave Maria foi cantada pelos artistas que comandavam o evento.
Até mesmo as pessoas que jogavam tênis no local pararam as atividades e rezaram.
A morte do universitário fez, inclusive, com que algumas pessoas fossem à caminhada pela primeira vez. “Eu fiquei chocada com o caso e me senti na obrigação de estar aqui hoje.
De prestar solidariedade e exigir providências das autoridades.
Tenho uma filha na mesma idade da dele.
Assim como eu, ela está com medo???, afirmou a vendedora autônoma Aparecida Melo, 52 anos, que foi à caminhada com a mãe e a irmã.
Leia mais aqui (assinantes JC e UOL). ———————— Equ?vocos na segurança pública Por Murilo CavalcantiNo Jornal do Commercio A morte do estudante Rafael Dubeux expõe, mais uma vez, a fragilidade do aparelho policial do Estado de Pernambuco. É imposs?vel que a dupla que roubou e matou o universitário, em plena Avenida Boa Viagem, não tenha sido vista por policiais que fazem a ronda no principal cartão-postal do Recife.
Repito: é imposs?vel.
Não existe bandido invis?vel.
O perfil de quem está assaltando (e matando) nas principais avenidas da nossa capital é bastante conhecido por todos: jovens de 16 a 24 anos, do sexo masculino, de bicicleta, moto ou a pé, usando bermudão e boné.
A grande questão é que há uma verdadeira paralisia do policiamento de rua no que diz respeito à abordagem desses “elementos???.
Uma irmã minha levou um tiro de dois bandidos, em uma moto, em plena Avenida Boa Viagem, numa quinta-feira, 3h da tarde.
Em qualquer pa?s civilizado, dois condutores de uma moto sem capacete seriam abordados, revistados e teriam o ve?culo apreendido. (…) Em Pernambuco, vivemos uma guerra civil urbana.
Todos os dias, em todos os lugares, cidadãos são assaltados por bandidos armados, nas principais vias públicas de nossa cidade.
E não se trata de crime organizado. É delinqüência mesmo.
Leia mais aqui (assinantes JC e UOL).