É muito mais do que um mero e chato bate-boca esse confronto entre as equipes de transição de Eduardo Campos (PSB) e Mendonça Filho (PFL), observado nos últimos dias.
Há hoje uma luta para formar opiniões.
E ela é fundamental para tornar mais ou menos eficaz, no futuro, o discurso da oposição ao governo Eduardo.
Não são apenas rusgas, restos sentimentais de campanha, ressentimentos.
Tem isso tudo também.
Mas o confronto é de imagens.
De um lado, Mendonça quer deixar o governo com a imagem consolidada de gestão eficaz, responsável pelo reequil?brio econômico-financeiro do Estado.
Ter isso gravado na cabeça dos eleitores pernambucanos tem importância enorme para um jovem l?der pol?tico como ele, com 40 anos de idade e pelo menos três décadas de eleições pela frente.
Só que tem mais.
Da? a reação do grupo ligado ao governador eleito.
Da? também a entrada firme, direta, de Mendonça e Eduardo no conflito.
A oposição liderada por Mendonça pode potencializar e muito a pressão sobre o novo governo, daqui a alguns meses.
Isso é poss?vel com a fixação da tese de que Pernambuco está não apenas reorganizado, mas capitalizado, com dinheiro em caixa ou prometido - o equivalente a R$ 1,3 bilhão.
O pessoal de Eduardo bate no contrário.
Admite o reequil?brio da máquina pública, porém rejeita de qualquer maneira a idéia de folga financeira ou abundância de recursos em caixa e/ou dispon?veis.
Se a tese de Mendonça prevalecer, a oposição virá com tudo para jogar, por exemplo, os servidores públicos contra o novo governo - cobrando mais contratações, aumentos salariais, planos de cargos e carreiras.
Caso seja a tese de Eduardo a vitoriosa, ficará mais fácil manter uma disciplina fiscal r?gida e dura.
Não há como fugir dessa disciplina.
Para investir nas áreas sociais e cumprir suas promessas, o novo governo terá que cortar recursos de várias áreas.
Haverá um aperto geral para garantir investimentos em setores que demandam muito recurso, como Educação, Segurança e Saúde.
O esforço feito até hoje pelos governos Jarbas/Mendonça é fenomenal, mas o equil?brio econômico-financeiro de Pernambuco ainda é frágil.
Estamos muito próximos, por exemplo, do limite estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal para os gastos com funcionários (somando-se as contas do Executivo, Legislativo e Judiciário).
Enfim, esse embate não é algo passageiro.
Talvez tenhamos que conviver com ele ao longo dos próximos quatro anos.