Ao Deputado Eduardo CamposPresidente Nacional do PSB A fim de esclarecer as razões das movimentações empreendidas por mim e que culminaram na divulgação das gravações que causaram tanto transtorno ao PSB, a Simone Coelho e Milton Coelho, apresento nesta carta alguns detalhes destes acontecimentos que não serão divulgados por nenhum outro meio.

No dia 10 de junho de 2006, eu estava em Belo Horizonte quando recebi um contato telefônico de Eduardo Leocádio, amigo de longa data e que me disse que estava sendo candidato a deputado federal em Pernambuco.

No dia 12 de junho eu cheguei a Pernambuco quando Eduardo Leocádio meu deu conhecimento da disputa interna que supostamente haveria dentro do Diretório Regional do PSB entre grupos liderados por “Jair Pereira e Milton Coelho”.

Ele, inclusive, destacou que o fato dele sair candidato, caso ele tivesse expressiva votação, serviria como instrumento de fortalecimento do grupo liderado por “Jair Pereira”, do qual ele faria parte.

Essas primeiras conversas estavam restritas a uma poss?vel colaboração que eu poderia dar na arrecadação de fundos para a campanha de Eduardo Leocádio, que inclusive chegou a me convidar para ser seu coordenador financeiro, função que cheguei a exercer informalmente por algum tempo, inclusive entrando em contato com um certo “Rodrigo"que seria o responsável pela abertura de contas das candidaturas.

Só não cheguei a abrir a conta da campanha de Eduardo Leocádio nesta ocasião porque, por falta de organização e tempo, ele não chegou a me entregar a procuração para a abertura da conta.

A conta da campanha de Eduardo Leocádio somente foi aberta por ele na sexta-feira anterior à votação de primeiro turno.

Com o passar do tempo, o assunto referente a essa “guerra interna” do PSB se aprofundou, inclusive ele me narrou diversos fatos que, segundo ele, exemplificariam o cerceamento que eles estariam sendo submetidos dentro do partido.

Neste momento, ficou acertado que nós empreender?amos um contra-ataque, principalmente dirigido a Danilo Cabral e, posteriormente, a Milton Coelho.

Segundo Leocádio, Roberto Motta era um agente dessa operação.

Em nossa avaliação conjunta, e devo dizer que não posso me isentar de “culpa”, tendo em vista que realmente fui um art?fice da idéia central do plano, a forma mais contundente de atingir esses dois atores pol?ticos (Milton e Danilo) seria através de um incidente envolvendo financiamento de campanha, aproveitando a ressonância do clima que este assunto estava promovendo no cenário nacional.

Foi então que bolamos a estratégia de ação.

Eu procuraria por Danilo Cabral e lhe proporia um negócio aparentemente irrecusável: uma doação de um milhão de reais em troca de uma “ajuda” na aprovação de um projeto na Petrobras.

Não seria necessário nem a aprovação concreta e nem a efetivação do pagamento da “propina”, apenas caracterizar a participação de Danilo Cabral nesse suposto esquema já seria suficiente para os objetivos serem alcançados.

Avaliando que Danilo Cabral, devido a incidentes recentes que ocorreram entre os dois, não se sentiria a vontade de tratar isso com Eduardo Leocádio e, para que ele (Leocádio) pudesse se preservar ao máximo nessa situação, decidimos que o contato com Danilo Cabral se daria através de Frederico Haeckel, mas precisamente ligado ao vereador.

Frederico Haeckel não sabia de nossas intenções e agiu pensando estar dando uma valiosa contribuição para a campanha de Eduardo Campos.

Inclusive Danilo Cabral pode confirmar a informação de que Frederico Haeckel entrou em contato com ele ligando do telefone do escritório de Eduardo Leocádio.

A nossa avaliação previa que quem seria destacado para tratar esse assunto seria Danilo Cabral, Coordenador Geral da Campanha, ou Milton Coelho, responsável pela articulação nacional do PSB-PE.

Por razões que desconheço, Danilo Cabral não nos recebeu naquela data ( 27 de julho), destacando Romero Pontual para tratar do assunto.

Até esse momento eu não sabia sequer quem era Romero Pontual.

Essa reunião ocorreu no Comitê Central da Frente Popular de Pernambuco, no Torreão.

No dia 2 de agosto, nos reunimos no escritório pol?tico de Eduardo Campos, na Rua do Alagamento, dentro da sala de Eduardo Campos, com Romero Pontual, na presença de Frederico Haeckel, de Pedro Mendes e de George, um empresário da área de eventos para o qual havia uma promessa de viabilização de patroc?nio da Chesf por parte de Jair Pereira.

Nessa reunião, ao explicar a Pedro Mendes como funcionaria o esquema, a fala de Romero fazia parecer, sem sombra de dúvida, que era ele, naquele momento, quem estava propondo o esquema de propina.

Danilo Cabral pode confirmar o acontecimento desta reunião, apesar de dela não ter participado.

Por várias vezes tentamos nos reunir com Danilo Cabral, sem sucesso.

Foi então que buscamos, através de Simone Coelho, o contato com Milton Coelho para que fosse ele o alvo desta investida.

O resultado desta investida pôde ser acompanhada pelos meios de comunicação e todos já sabem no que culminou.

Certo da necessidade de confirmar esses fatos, irei produzir novos materiais dessa minha narração.

Bras?lia, 13 de outubro de 2006 Saulo Batista da Silva CARTA PARA MILTON COELHO Para Milton Coelho Eu, Saulo Batista, após profunda reflexão com minha fam?lia de sólida formação cristã e convivendo nos últimos dias com o peso de ter agido de forma injusta contra o candidato a deputado estadual e presidente do diretório regional do PSB de Pernambuco, Milton Coelho, e sua esposa Simone Coelho, pessoas que sequer conhecia, declaro de livre e espontânea vontade, que a serviço de grupo pol?tico que, no momento não me cabe identificar por razões pessoais, montei uma farsa com o objetivo de atingir a candidatura de Milton Coelho e derrubá-lo da presidência do diretório regional do PSB.

Tal fato foi arquitetado durante três meses, de julho e setembro de 2006, e culminou com a divulgação de conversas gravadas nas quais houve posterior modificação de diálogos com o fim de incriminar Milton Coelho.

Esta carta é o que posso fazer no momento para tentar remediar o grave erro cometido e o sofrimento que levei para o seio de uma fam?lia.

Pretendo com isso encerrar o assunto e seguir a minha vida, e seguir os ditames das leis de Cristo, meio no qual fui aceito.

Bras?lia, 13 de outubro de 2006 Saulo Batista da Silva