"Não tenho que concordar com tudo o que Mendonça diz" O governador eleito Eduardo Campos (PSB) recebeu, hoje, a empresária Viviane Senna, presidente da Fundação Ayrton Senna, para um almoço na casa dele, no bucólico Bairro de Dois Irmãos, no Recife.
A irmã do piloto de Formula 1 Ayrton Senna (falecido em 1994) conversou com o governador eleito sobre as parcerias na área de Educação entre o instituto e o governo Estadual.
Depois da prazerosa conversa, Eduardo entrou num assunto não tão harmônico: a transição.
Ele avaliou as cr?ticas do governador eleito Mendonça Filho (PFL), que rebateu, ontem, as declarações do socialista.
A novela continua…
Eduardo fez questão de lembrar que "vê o mundo de perspectiva diferente" de Mendonça e afirmou que eles precisam divergir mesmo, já que são de campos opostos.
Mendonça disse, ontem: "Me causou espécie o governador eleito desqualificar os dados apresentados pela nossa equipe.
Estamos fazendo uma transição transparente, responsável e com civilidade pol?tica.
Por isso, não compreendo a apreensão de quem vai receber o Estado em ordem, equilibrado e com mais de R$ 830 milhões para aplicar em projetos estratégicos. (…) O trabalho da transição cabe à minha equipe, coordenada pelo secretário Cláudio Marinho.
Mas se precisar de uma posição pol?tica do governador, darei a minha visão do assunto" Eduardo devolveu, hoje: "Nós vemos as coisas de forma diferente.
Nós vimos o mundo de perspectivas diferentes.
Tanto é que representamos, cada um, um campo de pensamento pol?tico da eleição.
Não é porque tem uma transição que eu tenho que concordar com tudo o que Mendonça diz ou ele tenha que concordar com tudo o que eu digo".
Veja a ?ntegra da entrevista que Eduardo Campos concedeu à imprensa, em sua casa, hoje (a repórter de Pol?tica do Jornal do Commercio, Monica Crisostomo, acompanhou): O governador Mendonça Filho criticou suas observações sobre os números apresentados pela comissão de transição.
Como o senhor recebe essas cr?ticas?
Eu quero ajudar que a transição continue a ocorrer, que não se suspenda o ambiente que nós geramos para que a transição ocorra.
Falei hoje cedo na rádio que eu já vi outras transições ocorrerem, com estresse para lá, estresse para cá.
O que depender de mim para não ter estresse, eu vou fazer.
Para que ela ocorra, para que as informações cheguem, as dúvidas sejam tiradas e a gente possa cumprir o padrão de comportamento que a sociedade espera de todos nós.
Isso não quer dizer que a gente renuncie a forma de ver as coisas.
Nós vemos as coisas de forma diferente.
Nós vimos o mundo de perspectivas diferentes.
Tanto é que representamos, cada um, um campo de pensamento pol?tico da eleição.
Não é porque tem uma transição que eu tenho que concordar com tudo o que Mendonça diz ou ele tenha que concordar com tudo o que eu digo.
Nós podemos divergir e devemos, inclusive para manter a divergência de pensamento que nós defendemos, sem que isso perturbe o trânsito da transição ou que signifique qualquer falta de respeito à pessoa dele, ao governo dele, às pessoas que estão na transição.
O governador Mendonça Filho, fez então, uma intervenção pol?tica?
O que eu tinha a dizer sobre o tema eu já disse.
Cada um orienta e se conduz na relação com sua equipe de transição como bem entende.
Da mesma forma como ele exerce legitimamente o desejo de intervir, de falar, de colocar suas idéias, eu também tenho esse direito e exerço como acho que devo exercer.
Aqui, volto a afirmar, nosso desejo é de manter toda a tranqüilidade, toda a civilidade poss?vel para que possamos prosseguir, para que as duas comissões possam continuar a ter transições, recebendo as informações e esclarecer tudo.
Agora, ninguém imagine que porque tem uma comissão de transição que as divergências na forma como ele tem de ver as coisas, deixem de existir.
A transição não anula a capacidade de a gente ver as coisas de forma distinta.
O senhor avalia que as reclamações representam algum tipo de ameaça à continuidade da transição?
E o que acha da comparação feita com relação ao rompimento do processo de transição em 1998? 98 é 98, 2006 é 2006 e eu já estou preocupado com 2007.
Então, esse é que é a forma de eu ver as coisas.
Em 1998, foi interrompida uma transição da parte do governo que chegava.
Isso é público, está nos jornais. É só observar.
Agora, se eu ficar discutindo 98 eu não vou poder fazer um 2006, 2007 que eu vou ter que fazer.
E qual sua avaliação da afirmação do governador Mendonça Filho de que dinheiro de contrato é dinheiro em caixa sim?
Eu não vou entrar nessa discussão.