Do blog de Alon Feuerwerker Faltam dois anos Lá pelo começo da década eu dava aulas de jornalismo online na Faculdade Cásper L?bero, em São Paulo.

O foco do curso era a usabilidade e a referência eram os textos de Jakob Nielsen.

Os trabalhos dele podem ser encontrados no site www.useit.com.

O curso começava com o estudo de um texto de Nielsen de agosto de 1998, The End of Legacy Media (algo como "o fim da m?dia herdada").

Nele, o autor previu que a separação entre os formatos tradicionais da m?dia (jornal, revista, etc.) deixaria de existir num prazo entre cinco e dez anos.

Lembro que os alunos costumavam receber a previsão de Nielsen com desdém, mas a discussão que se seguia era sempre estimulante.

No final, conclu?amos que o jornal impresso, por exemplo, poderia até continuar por a?, existindo materialmente, mas que a previsão de Jakob Nielsen fazia sentido se "existência" fosse entendida como sinônimo de "relevância".

Lembrei desses debates de anos atrás quando conversava semana passada com um amigo.

Ambos viajamos de avião com uma freqüência maior do que seria razoável.

Ele me disse que a única situação em que sente falta do jornal impresso é durante viagens aéreas longas.

Da? eu propus que ele prestasse atenção nas salas de embarque dos aeroportos, onde hoje já há bem mais gente olhando para a tela de um notebook (geralmente conectado à Internet por uma rede sem fio) do que para uma página de jornal.

E juntos notamos que não conhecemos ninguém de menos de 20 anos que leia jornal impresso.

E percebemos que a Internet brasileira já tem, por baixo, uns 40 milhões de usuários, ao passo que o maior jornal do pa?s continua tirando por volta de 300 mil exemplares em dias de semana e 400 mil no domingo - mais ou menos o que tirava uns quinze anos atrás.

Faltam apenas dois anos para que o prazo dado por Nielsen se esgote.

Pelo menos em relação aos jornais impressos, ele parece estar mais perto de ser confirmado do que de ser desmentido.