À maneira de Maquiavel, o pensador florentino, ACM diz que, entre ser respeitado e ser querido, fica com a primeira opção Por Tha?s OyamaDa Veja Só há um assunto do qual o senador Antonio Carlos Magalhães entende mais do que pol?tica, e esse assunto é poder.

Seja por usufruir dele há mais de meio século, seja por ter convivido com quem o teve em abundância, ACM lida com naturalidade com o tema – e o aprecia também."Tenho gosto pelo exerc?cio do mando", diz. (…) Leia trechos da entrevista abaixo: Veja – Em 2004, seu grupo já havia perdido a prefeitura de Salvador e, nas últimas eleições, foi derrotado também no governo estadual.

Em 2007, o senhor fará 80 anos.

Acha que ainda pode recuperar sua antiga força pol?tica? class=texto1>ACM – Tenho certeza.

Vou voltar com mais força do que tinha antes, porque os meus adversários fracassarão.

E fracassarão porque sabem fazer campanha mas não sabem governar.

De maneira que minha volta não será fruto do meu trabalho, e sim fruto do erro deles.

Como já disse, derrotados não falam, derrotados esperam.

Quantas vezes já disseram que o carlismo havia morrido? (…) Veja – O senhor é admirador de Napoleão Bonaparte e leu quase todas as suas biografias.

Que caracter?sticas admira nele?

ACM – O gosto pelo poder é a primeira.

Também admiro sua visão de mundo – para alguns, imperialista.

E o fato de que ele sabia mandar.

Saber mandar é uma coisa vocacional.

Se você sabe mandar, vai poder mandar em tudo: da sua casa até o órgão mais importante da República.

Se você não sabe mandar, pode assumir grandes postos e não adiantará nada – acontece o que está acontecendo hoje no Brasil.

Esse problema do controle aéreo, por exemplo: quando isso ocorreu nos Estados Unidos, o presidente (Ronald) Reagan resolveu em 24 horas.

Quem está a? não sabe mandar.

Veja – O senhor se refere ao presidente Lula ou ao ministro da Defesa?

ACM – O presidente é o maior responsável, mas o ministro da Defesa não poderia estar ali.

Ele não conhece o assunto, fica sabendo das coisas por terceiros, e o resultado é que acha que está tudo na maior normalidade.

Um apagão aéreo!

Isso é normal?

Se tivesse lá alguém de pulso, isso já teria terminado. (…) Veja – Como o senhor avalia os primeiros movimentos do presidente depois da reeleição?

ACM – O mal do Lula é que, em seu primeiro mandato, ele fez um governo fraco com homens fracos.

Tudo leva a crer que vai repetir esse erro.

Se você olhar os nomes que estão visitando o Palácio do Planalto nesses últimos dias, verá que são tão fracos como os que estão a?.

Todos com passado ruim.

Lula fez um ministério de derrotados. À exceção do doutor Márcio Thomaz Bastos – que é a alma deste governo, porque, com a prática da advocacia criminal, o salvou –, só tem a Dilma Rousseff.

No governo Lula, a pessoa que sabe mandar é Dilma Rousseff.

Ela tem capacidade. (…) Veja – O pensador florentino Nicolau Maquiavel dizia que o governante deve ser antes temido do que amado.

O senhor concorda?

ACM – O ideal é ter as duas coisas, mas, entre ser respeitado e ser querido, prefiro ser respeitado.

O amor é instável.

Hoje você é querido, amanhã não é.

Já o respeito é permanente. É fruto da credibilidade que você adquire.

O sujeito não chega batendo em sua barriga.

Agora, autoridade não significa autoritarismo.

O autoritarismo é coisa dos incompetentes, dos que querem aparecer pela força.

Veja – Mas o senhor mesmo já destruiu gravadores de repórteres e agrediu fisicamente adversários.

Não foram manifestações de uma personalidade truculenta?

ACM – Os meus adversários me adjetivam assim, mas não sou.

Eu lhe digo sinceramente: há jornalistas de quem não gosto.

Nunca me fizeram nada, mas não gosto deles.

Eu sei que não gostam de mim, por que vou gostar deles?

Sou muito intuitivo: olhando para você, sei o que você pensa de mim.

Depois de cinqüenta anos lidando com pessoas, isso não é nenhum dom sobrenatural.

Veja – Voltando à questão da autoridade: que atitude é necessária para preservá-la?

ACM – Por exemplo: se você me faz uma pergunta altamente ofensiva, fecho a cara para você e você não faz a segunda. style="FONT-SIZE: 10pt"> Veja – Entendi.

ACM – Não, não estou falando isso para você. É um exemplo que não precisa servir para um jornalista, pode ser para um deputado.

O que não pode é você deixar passar de um certo limite.

Um limite que você adquiriu com o quê?

Com seus três mandatos de governador, não sei quantos de ministro, com cinqüenta anos de pol?tica, com seus cabelos brancos, tudo isso.

Veja – O senhor disse que tem "gosto pelo exerc?cio do mando".

Quais as boas coisas que o poder proporciona?

ACM – O poder tem de ser um instrumento para você realizar, para você servir à coletividade.

O poder pelo poder, pela satisfação pessoal, nunca dá certo.

Os que quiseram fazer isso fracassaram. (Fernando) Collor é um exemplo.

Veja – Mas o senhor preza os ritos do poder.

Quando era presidente do Senado, fazia questão de que seus assessores o aguardassem todos os dias na entrada do Congresso, por exemplo.

ACM – Até hoje é assim.

Quando chego ao Senado, gosto que os meus auxiliares estejam me esperando na porta.

E que me levem à porta na hora de eu ir embora.

Meu ritual é completo.

Eu disse uma vez a Luiz Viana Filho (seu antecessor no primeiro mandato como governador da Bahia) que era muito chato passar em revista as tropas.

Ele me disse: "No in?cio você acha chato, depois se acostuma e depois sente falta".

Veja – Qual foi o seu maior erro pol?tico?

ACM – Acho que foi a troca de agressões com Jader Barbalho.

Veja – Por quê?

ACM – Porque resultou no meu afastamento do Congresso e no dele. (…) Veja – O senhor se considera vingativo?

ACM – Não.

Ao contrário do que dizem, não sou vingativo.

Meus inimigos se destroem por si próprios.