Da Agência Estado Bras?lia - Preocupado com o andamento das negociações com o PMDB que pode implodir seu projeto de coalização, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu chamar ao Planalto o presidente nacional da legenda, deputado Michel Temer (SP), para tratar da participação do partido no futuro governo de coalizão.
Para que o encontro não fique restrito a Temer, com quem Lula está rompido há mais de um ano, a idéia é fazer uma reunião com toda a executiva nacional, abrindo a negociação institucional com o partido ao mesmo tempo em que o presidente amplia sua interlocução com os peemedebistas Lula já foi alertado de que há uma rebelião em curso na bancada peemedebista da Câmara, que não aceita que a interlocução seja feita pelo trio composto pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador José Sarney (AP) e o deputado Jader Barbalho (PA).
Na mesma linha de Temer, que na quarta-feira fez um protesto público contra "as conversas de natureza pessoal, em detrimento da relação institucional com o PMDB", um grupo expressivo da bancada federal sente-se alijado da interlocução com o Planalto e articula um movimento para desautorizar a atuação do trio em nome do partido.
A revolta deve-se não só ao monopólio da interlocução, mas a predileção de Lula por peemedebistas que são considerados mais da cota pessoal do presidente do que do partido, como Nelson Jobim, cotado para a pasta da Justiça ou Articulação Pol?tica. "Sugeri ao presidente que busque trazer todo mundo, oferecendo a todos condições de conversar com dignidade", conta o deputado Geddel Vieira Lima, ao salientar que todos os grupos estão representados na executiva.
Ele e o governador eleito da Bahia, Jaques Wagner (PT) e o ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro, acreditam que neste encontro, previsto para a próxima semana, Lula deverá apresentar ao PMDB as principais medidas que pretende submeter ao Congresso no segundo mandato, para que o Pa?s possa crescer em ritmo mais acelerado e com o vigor necessário.
Definição dos cargos Só a partir dessa iniciativa Lula começará a definir o espaço de poder do PMDB, que além da disputa interna está em guerra aberta com o PT por cargos na Esplanada dos Ministérios.
Lula entra no circuito para abortar a rebelião dos deputados, que só serviria para dividir mais o partido e dificultar a montagem do governo de coalizão.
Temer também levará ao Planalto uma posição oficial dos sete governadores peemedebistas, que se reúnem com ele nesta sexta-feira, em Florianópolis.
Além de discutirem uma agenda nacional, os governadores também estão incomodados com o fato de o presidente ter restringido a interlocução no partido. "A negociação precisa ser conjunta.
Por que só os três vão ao Planalto?", perguntou o governador eleito de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli.
Ele está pedindo um encontro formal do presidente com todos os governadores eleitos pelo partido, os l?deres e a cúpula do PMDB.
Reeleição de Renan Os deputados exclu?dos das negociações dizem que, embora seja candidato a l?der na Câmara, Jader Barbalho não fala em nome da bancada.
Eles também suspeitam de que estaria no forno um acordo para facilitar a reeleição de Renan, às custas da bancada da Câmara.
Pelo acordo, os deputados abririam mão do direito de indicar o futuro presidente da Casa, prerrogativa que cabe ao maior partido - o PMDB, favorecendo por tabela a reeleição do deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), que é vista com bons olhos pelo Planalto.
A reação do PT A negociação envolveria também o PT.
O partido de Lula, que também reivindica o comando da Casa, seria contemplado com um cargo no ministério.
Nome mais forte para substituir Rebelo, o l?der do governo, deputado e médico Arlindo Chinaglia (PT-SP), seria indicado para a Saúde.
Além disso, o PT também ficaria com uma vaga de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) , hoje disputada por oito partidos, para o deputado Paulo Delgado (MG).
O apetite dos peemedebistas por cargos no Executivo já preocupa os aliados de Lula.
Tanto, que Jaques Wagner tratou de dar um "freio de arrumação", na condição de um dos mais próximos interlocutores do presidente, ao considerar razoável que o PMDB mantenha os três ministérios que controla atualmente (Saúde, Comunicações e Minas e Energia).
Segundo outro interlocutor de Lula, foi um recado ao trio formado por Renan, Sarney e Jader, que, na avaliação do próprio presidente, já estaria muito bem representado no ministério e não ampliará o espaço de poder no segundo governo.
Em reunião, as bancadas do PT na Câmara e Senado também decidiram brigar por mais espaço no segundo mandato.
No Senado, o PT está pressionando Lula para devolver ao partido o cargo de l?der do governo.
O nome mais cotado é o do senador Tião Viana (PT-AC), que tem bom trânsito na oposição.
Na semana passada, porém, o próprio Lula confirmou o senador Romero Jucá (PMDB-RR) no posto.