Por Sérgio Montenegro FilhoRepórter especial do JC e colunista do JC Online Passada a eleição, quem apostou que o governo Lula ia perder espaço no Legislativo e se dar mal na aprovação de projetos, errou feio.
Nas contas de observadores pol?ticos do Congresso Nacional, o segundo mandato do presidente reeleito deve ser respaldado pela maior base de deputados que já se formou na Câmara Federal nas últimas duas décadas.
Basta, para isso, que Lula conquiste a adesão da maioria da bancada do PMDB - cuja negociação já está em curso - e aguarde a migração de algumas fileiras de parlamentares, eleitos pelo PSDB e PFL e pelos chamados partidos de aluguel, para legendas governistas, logo após a diplomação.
No final, comenta-se que Lula deve dispor do apoio de cerca de 63% da Câmara para aprovar suas propostas.
O que não significa, no entanto, alinhamento automático.
A cultura pol?tica brasileira já mostrou que o voto de boa parte dos parlamentares funciona mesmo é à base de troca.
Um voto por um favor.
Mas isso o governo sabe fazer, e bem, embora quando eram oposição, os petistas fossem craques em criticar esse tipo de estratégia.
Agora, porém, a ordem é deixar o purismo de lado.
Foi o que deixou claro um dos fundadores do PT - e aliado histórico de Lula - o ex-ministro Luiz Gushiken.
Enfraquecido, ao se despedir do governo o ex-assessor presidencial mandou um recado nada ortodoxo ao partido: não se deve dificultar a formação de "um governo de coalizão".
Traduzindo: se o PT decidir ser ganancioso mais uma vez e decidir brigar para ocupar espaço demasiado no poder, deixando as legendas aliadas sem uma fatia satisfatória, só vai atrapalhar os planos do presidente e gerar novas crises, como as enfrentadas na primeira gestão de Lula.
Alguém consegue imaginar uma afirmação como essas partindo de um petista de carteirinha há vinte anos?
Claro que não.
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