Sem citar nomes, o presidente estadual do PT, Dilson Peixoto, atribuiu ao prefeito do Recife, João Paulo, o atual clima de disputa dentro do partido.
Para o vereador - candidato derrotado do PT a uma vaga na Assembléia - tudo começou quando "alguém" resolveu individualmente antecipar a sucessão estadual de 2008.
Em conversa com Cec?lia Ramos, repórter do Blog, o petista garantiu que vai trabalhar "dia e noite para desconstruir esse ambiente".
A disputa interna no PT entre o grupo de Humberto Costa e o de João Paulo ficou mais evidente depois desta eleição.
O que está acontecendo?Eu acho que está se criando artificialmente uma disputa que não leva a nada.
Um clima de disputa que não constrói.
Agora eu não acho que exista grupo de Humberto e grupo de João Paulo.
Há várias forças pol?ticas no PT e não só duas.
Quem criou esse clima de disputa?Na minha opinião o que tem ajudado a criar esse clima foi antecipar o processo de 2008.
Quando alguém chega e diz "esse é meu candidato e vou fazer tudo para que seja ele" cria esse clima.
E quem disse isso?Eu não vou dizer quem foi.
Quem disse, sabe.
Acho que não é por a?, de forma individual, unilateral. (No in?cio de setembro, o prefeito João Paulo defendeu em público o nome do secretário de Planejamento Participativo, deputado eleito João da Costa-PT para disputar a sucessão municipal.
O gesto foi entendido - inclusive por Dilson - como antecipação da disputa.
O prefeito, inclusive, chegou a receitar "meditação oriental" a Dilson, dizendo que este estava muito "estressado").
Enquanto dirigente do PT, como você pensa em dissolver esse clima?Acho que se a gente retomar o debate, consultando o grupo e não agindo de forma individual, podemos construir, reestruturar o partido.
Vou trabalhar dia e noite para desconstruir esse ambiente de divisão que não ajuda o PT.
A gente tem que trabalhar para retomar uma agenda de unidade.
Alguém vai ter que ceder… É… vai.
Liguei para Múcio (secretário municiapl de Coordenação Pol?tica, Múcio Magalhães) e Jorge Perez (secretário geral do PT) para marcar a famosa reunião para fazer o balanço da eleição.
Só a partir da? é que eu acho que podemos reabrir outros assuntos.
Vou fazer o poss?vel para que essa reunião aconteça segunda-feira que vem (20), para garantir uma reunião representativa, com a presença de deputados federais.
O deputado federal eleito Carlos Wilson Campos (PT) afirmou, hoje, na Rádio CBN, que não vai aceitar prato feito em 2008 e antecipou que precisa ser ouvido.
Ainda em campanha ao governo de Pernambuco, Humberto Costa disse que cabe a João Paulo conduzir o processo sucessório e que ele terá "sabedoria para indicar um nome que agregue mais".
Como isso será discutido no partido?
Primeiro a gente tem que ouvir a base.
O PT tem muitos quadros. É um assunto (a escolha do nome que disputará a vaga de João Paulo) que a gente tem que tratar ouvindo muita gente.
A?, sim, a gente vai ver quem pode aglutinar mais forças.
A gente tem que observar o resultado do Recife na eleição deste ano (para o Governo).
O resultado mostra que Mendonça (o atual governador Mendonça Filho - PFL, derrotado por Eduardo Campos - PSB) teve mais voto no Recife, no 2º turno qu eno 1º.
Isso demonstra que nossos adversários não estão liquidados, eles têm força na capital.
Que nomes você defende para a disputar a Prefeitura do Recife?
Rands (deputado federal Maur?cio Rands), Cali (Carlos Wilson), Humberto (Costa).
E fora do PT tem uma força pol?tica que tem que ser respeitada, que é Luciano Siqueira, do PCdoB, pelo desempenho dele como vice e como candidato ao senado.
E o próprio João da Costa é um nome.
Você está na presidência do PT até 2008, seu nome também não é cotado?Não sei.
Isso é um assunto (escolha de nomes) que o partido terá que discutir. É uma escolha do grupo.
Seu nome é cotado para a Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Eduardo Campos (PSB).
Existe algum entendimento dentro do partido sobre a formação do secretariado do próximo governo?
Não existe nada nesse sentido.
Não cabe ao PT interferir ou pressionar o governador eleito sobre a formação do secretariado. É um assunto inteiramente de Eduardo.