Do blog de Luis Nassif No meu livro “O Jornalismo dos anos 90??? abordo dezenas de episódios em que a m?dia atropelou os direitos mais comezinhos de v?timas de arbitrariedades policiais e do Ministério Público, que se associou a chantagistas para divulgar dossiês incriminatórios contra adversários, que desrespeitou sigilo fiscal, telefônico e pessoal de pessoas, expondo-as a manchetes e capas, sem comprovação do crime.
Contei o caso da filha de Chico Lopes, cujo computador pessoal foi apreendido pela Pol?cia Federal, o grampo no BNDES, a loucura do dossiê Cayman, em que se deu aval a uma falsificação evidente e grosseira, ao vazamento de contas telefônicas sigilosas na CPI dos Precatórios.
Quando a “Folha??? comemorou 80 anos, participei de uma mesa redonda com colegas do jornal.
Nela, se enaltecia o papel da m?dia pelo fato de, no dia anterior, um senador da República, Jader Barbalho, ter sido algemado pela PF.
Questionei o ato.
Disse que quando se avalizava uma arbitrariedade dessa ordem contra um senador da República, mesmo com o passado e a má reputação de Jader, estava se investindo contra direitos individuais básicos, e dando autorização para o delegado de periferia usar o pau-de-arara.
Perguntei, na ocasião, se o compromisso da m?dia era dar tudo o que o leitor queria, ou ser a guardiã de valores da civilização, mesmo em um pa?s onde direitos individuais são tão pouco considerados.
Digo que sempre fui minoria nessas discussões.
Cada vez que se desrespeitavam os direitos de qualquer pessoa, classe média para cima, vinha a cantilena de que se o pobre tinha o direito desrespeitado, porque essa preocupação com os direitos dos ricos.
Ou seja, buscava-se a igualdade na uniformização do desrespeito.
A questão do desrespeito aos direitos básicos foi sempre uma constante nas publicações desde a campanha do impeachment.
Grampos foram utilizados despudoradamente, assim como dossiês.
E digo despudoradamente porque, muitas vezes, se destacavam frases sem nenhum significado, e a publicação adicionava as interpretações que queria sobre outras partes do grampo que, não sendo divulgadas, impediam o leitor de conferir sua veracidade.
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