Por diversas vezes na manhã de hoje, o vice-governador eleito de Pernambuco, João Lyra Neto (PDT), usou o termo "pol?tica" para se referir ao conflito jur?dico entre o Estado e a Caixa Econômica em torno da venda antecipada de ações da Companhia Pernambucana de Saneamento. "Nós vamos encontrar uma sa?da pol?tica para negociar a questão com a Caixa", disse ele, numa dessas vezes, logo depois da primeira reunião de transição com a equipe do governador em exerc?cio Mendonça Filho (PFL), no Palácio do Campo das Princesas, no Recife.
O governador eleito Eduardo Campos (PSB) quer dar à Compesa um papel de destaque em sua administração.
Pretende investir pesado no abastecimento d’água para transformá-lo numa de suas principais marcas de gestão.
Ocorre que a companhia fechou seus canais de diálogo com o banco, sua principal fonte de financiamento.
A Caixa é federal, está sob o comando do presidente Lula.
REUNIÃO EM BRAS??LIA Eduardo e Lyra Neto terão reunião com a diretoria da Caixa, na terça-feira, em Bras?lia.
Vão tentar convencer o banco a suspender a ação judicial que move contra a Compesa e o governo de Pernambuco.
O governador eleito pretende usar todo o trânsito que mantém dentro do governo Lula para fazer com que a Caixa aceite receber as ações da companhia de saneamento em troca dos R$ 240 milhões (em valores atualizados) antecipados a partir de contrato firmando em setembro de 1999, primeiro ano da primeira gestão de Jarbas Vasconcelos (PMDB)/Mendonça Filho (PFL).
A Caixa cobra na Justiça a devolução dos recursos corrigidos monetariamente.
Jarbas e Mendonça tentaram por diversas vezes garantir que o banco recebesse apenas as ações. (Para entender a questão, leia mais aqui).
Mas o contexto agora é outro.
Além da influência que Eduardo exerce no governo Lula, a presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho, é de Pernambuco e mantém fortes ligações com o governador eleito.
Coelho esteve, inclusive, na festa da vitória de Eduardo, dia 29 de outubro, no Marco Zero, centro do Recife.
CONSEQÜÊCIAS O governo de Pernambuco não deseja pagar pelos recursos antecipados porque isso criaria uma série de dificuldades.
Primeiro, consumiria recursos que poderiam ser destinados a novas obras.
Segundo, reduziria ainda mais a capacidade de endividamento do Estado.
Mas a sa?da para o problema – caso o banco rejeite de qualquer maneira o recebimento das ações – poderá ser transformar o valor numa nova d?vida com prazo longo. "O que não queremos é que essa questão continue sendo tratada na Justiça.
Isso pode levar tempo demais", acrescentou João Lyra Neto, em conversa com o Blog.