Por Ronald FreitasDa Época A fam?lia Sarney sempre fez questão de se confundir com o Maranhão.
O ex-presidente José Sarney dá nome à ponte mais importante de São Lu?s, a duas ruas e a uma cidade inteira.
O prédio do Tribunal de Justiça leva o nome do desembargador Sarney de Araújo Costa, pai do ex-presidente.
O do Tribunal de Contas do Estado chama-se governadora Roseana Sarney.
A onipresença era a melhor tradução do poder que a fam?lia exerceu no Estado desde 1965, quando Sarney se tornou governador, apoiou a ditadura militar nascente e transformou-se no grande eleitor de todos os pol?ticos que o sucederam no Palácio dos Leões, sede do governo maranhense.
Na semana passada, essa tradição de poder foi rompida.
O velho rival Jackson Lago (PDT) derrotou Roseana Sarney (PFL) na disputa pelo governo do Maranhão.
A derrota do clã Sarney não foi um fato isolado.
As urnas impuseram perdas semelhantes a velhos caciques pol?ticos do Norte e Nordeste.
A exemplo de Sarney, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL) dava as cartas na pol?tica da Bahia desde a ditadura militar.
Nestas eleições, o governador Paulo Souto (PFL), seguidor pol?tico de ACM, foi derrotado logo no primeiro turno por Jaques Wagner, do PT.
No Tocantins, o ex-governador Siqueira Campos (PSDB), criador do Estado, sofreu dupla derrota.
Foi vencido pelo sucessor Marcelo Miranda (PMDB) na disputa do governo e viu o filho Eduardo perder a disputa pela vaga de senador para a deputada Kátia Abreu (PFL).
Poder absoluto acabou A derrota dessas oligarquias é um sinal de alguma modernização da vida pol?tica do Brasil, pelo simples fato de significar alternância de poder.
Ao longo das últimas eleições, práticas antigas como o voto de cabresto e o coronelismo têm perdido força com a profissionalização do trabalhador rural, o acesso à educação e à cultura pela televisão e pela internet, mesmo nos rincões mais afastados do pa?s. "A urna eletrônica, que dificulta as fraudes, e a democratização da informação foram determinantes na diminuição da força dos caciques", diz Ricardo Caldas, professor do Instituto de Ciências Pol?ticas da Universidade de Bras?lia. "Não dá para afirmar que as oligarquias chegaram ao fim, mas o poder absoluto de um grupo pol?tico sobre os demais acabou." Leia ?ntegra da reportagem aqui.