Por Ana Lúcia AndradeDo Jornal do Commercio O publicitário José Roberto Berni – afastado da campanha de Mendonça Filho (PFL) por ter se desentendido com Antônio Lavareda – comentou ao JC o resultado da disputa.

Ele revela que “já se sabia??? que o enfrentamento com Eduardo Campos (PSB) seria mais duro e assegura que Mendonça tinha como conquistar votos de Humberto Costa (PT), se não tivesse feito uma campanha “arrasa-quarteirão??? contra o petista.

Apesar da derrota impactante, Berni acredita que Mendonça sai desta eleição “maior do que entrou???, e que tem futuro porque é um pol?tico “vocacionado??? para o que faz. “Ele poderia ter se sa?do melhor, se a campanha tivesse sido bem feita.

Na verdade, ele errou na estratégia???, diz Berni.

Veja trechos da entrevista: O senhor acompanhou a sucessão em Pernambuco?Acompanhei, um pouco pelos sites e com algumas pessoas com as quais eu conversava.

O resultado lhe surpreendeu?Pra mim foi surpreendente.

Achava que seria mais apertada.

Mas para isso, o Mendonça teria que ter, pelo menos, conquistado uma parte dos votos do terceiro colocado (Humberto Costa).

A gente já sabia que a eleição seria com Eduardo, isso já se sabia.

Quando se percebeu?A gente sabia que seria mais complicado com o Eduardo e que seria mais provável com Eduardo.

O Humberto já estava muito machucado pelas denúncias.

Mas o senhor saiu da campanha antes das denúncias, onde percebeu a força do Eduardo?Ele é melhor candidato de verbo e de imagem.

Eduardo tem melhor postura f?sica e verbal.

Seria mais complicado com ele.

Os dois teriam o apoio de Lula (PT), mas Eduardo tinha ainda o apoio do avô (Miguel Arraes), recém morto e que ia completar um ano ali.

Esse seria um candidato mais dif?cil.

Ele somou um algo mais importante: a história do avô, do mito, morto, recentemente. É evidente que isso ia pesar.

O discurso da aliança – de resgate dos precatórios e do governo Arraes carimbado de atraso – inviabilizou Mendonça?Foi uma razão importante.

Porque era um discurso, inclusive, já testado em outros momentos e que tinha uma aderência até a página dois, não mais que isso.

E, principalmente, teria que se ter um candidato que sustentasse com veemência esse discurso.

E esse candidato não era o do estilo do Mendonça.

O discurso do enfrentamento pode ter funcionado, algumas vezes, com o Jarbas.

A campanha televisiva de Mendonça – tachada de "burocrática" por aliados – é um formato exaurido, contribui para a derrota?Claro, e achava que ele (Antônio Lavareda) tinha se tocado de que não poderia mais usar esse modelo.

Nós fizemos a campanha de 1992, com o Jarbas, sem agressão a ninguém.

Pelo contrário, o PFL mesmo agredia, com André de Paula (candidato a prefeito do partido) e a gente não respondia.

Então não é o único formato que dá certo.

Cada caso é um caso. (…) Como o senhor avalia o papel de Jarbas Vasconcelos nessa eleição?

Ele pode ser considerado um derrotado?Eu acho que o modelo que ele apostou de fazer campanha na televisão serve pra ele, para mais ninguém. É isso que eu sempre disse.

Não se pode querer que o mesmo modelo seja aplicado em todas as eleições. (…) E Mendonça, como o senhor ver o futuro pol?tico dele?Ele é um cara que tem futuro.

Tornou-se conhecido, se credenciou, ele pode ser candidato daqui a quatro anos, ou à Prefeitura do Recife.

Mendonça é jeitoso, articulado, gosta de fazer o que faz, é vocacionado para fazer o que faz.

E deve ter aprendido muito nessa campanha.

Em eleição não se tem perda total.

Ele saiu dessa campanha maior do que entrou.

E poderia ter se sa?do melhor se a campanha dele tivesse sido bem feita.

Na verdade é isso.

Ele errou na estratégia.

Leia mais aqui (assinantes JC e UOL).