Por Luiz Otavio Cavalcanti*Ex-secretário do Planejamento e da Fazenda de Pernambucolotavio@fsm.com.br Perder não é feio.

Feio é perder a linha.

Essa pode ser a mudança especial que distingue o pensamento e a ação de duas gerações de pol?ticos em Pernambuco.

Para uma geração mais antiga, nos idos dos anos 40, o comportamento pol?tico ditava a máxima de que feio era perder.

Assim pensavam os coronéis pessedistas.

De lá para cá, Pernambuco mudou.

Para melhor.

Para a nova geração de pol?ticos pernambucanos que comandam, hoje, o Estado, é diferente.

Para estes, vale o compromisso.

Um dos s?mbolos claros desta mudança é Mendonça Filho.

Ele apresenta duas caracter?sticas que destacam a escola pernambucana de fazer pol?tica: equil?brio e capacidade de aprender.

Seu equil?brio ficou patente quando ele assumiu o governo e entrou serenamente no Palácio.

Como se andasse nas ruas agrestinas de um Pernambuco que ele conhece bem.

Não exacerbou o verbo nem exaltou a verba.

Sua palavra foi sempre medida por uma lógica de poder com limites.

Sua capacidade de aprender foi logo sentida por quantos convivem com ele.

Faz do aprendizado uma forma de servir.

E ao aplicar o que aprendeu, procurou dar uma contribuição pessoal, um tom que evitasse a imitação.

Que declarasse sempre o legitimamente pessoal.

Esta é a marca de uma escola pol?tica que não alterca nem altera a voz.

Que trabalha pelo convencimento.

Seu instrumento de trabalho é a natureza das coisas.

Ele não agride fatos.

Nem chuta pedras no caminho.

Ele as recolhe e procura tomar o caminho da construção.

Fazer pol?tica em Pernambuco exige o cumprimento desta regra de humildade.

Porque Pernambuco tem tradição e peso pol?tico.

Contou com a lucidez do conservador reformista, Joaquim Nabuco.

Com o empresário que virou pol?tico e, pol?tico, ampliou o horizonte industrial do Estado, Cid Sampaio.

Com o cientista social que desenhou a geografia da fome e ensinou pol?tica com sentido humano, Josué de Castro.

Eles são parte de um patrimônio público que constitui referência para os que gostam de Pernambuco.

Fazer pol?tica em Pernambuco é observar uma linha de conduta (novamente a questão de linha !). É cultivar estas vocações sociais pernambucanas, juntando cores e fazeres da Cultura, da Pol?tica e do Conhecimento.

Mudar de geração envolve a possibilidade de melhorar o destino de todos.

Mudam-se estilos, formas de pensar e objetivos a alcançar.

Dá-se chance à confluência.

Penso que podemos fazer a boa aposta.

Mendonça amadureceu na paciente espera de uma obra adiada.

Cresceu no embate consciente que consagra valores pessoais, pol?ticos e sociais.

Essa é uma das obsessões pernambucanas.

A linha que demarca o próprio e o impróprio, o oportuno e o inoportuno.

A linha que fixa uma estética pol?tica, de fazer bem feito.

Linha reta.

Uma linha n?tida na atuação pernambucanamente azul de Mendonça Filho. *Luiz Otavio Cavalcanti, 60, advogado, executivo e ex-secretário do Planejamento (1975/79 e 1991/92) e da Fazenda (1983/86 e 1992/93) de Pernambuco.

Recifense, Cavalcanti dirige hoje a entidade mantenedora da Faculdade Santa Maria. É autor, entre outros livros, de Como a corrupção abalou o governo Lula (Ed.

Ediouro, 2005), Administradores, quem somos nós? (Ed.

Bagaço, 2005) e Ensaiando Pernambuco (Ed.

Bagaço, 2005).