Por Rafael VergueiroDo Diário do Grande ABC O quatro e último debate do segundo turno das eleições presidenciais, realizado na noite desta sexta-feira na TV Globo, foi marcado por um clima tenso e muitas acusações por parte dos candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB).

No entanto, nenhum dos dois apresentou propostas inovadoras para o Brasil.O confronto realmente "pegou fogo" no terceiro bloco, quando foi discutido o tema corrupção, algo que tem sido recorrente nesta campanha eleitoral.

Alckmin declarou que "é imposs?vel um pa?s crescer com tantos escândalos e corrupção", e que as CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) só investigaram pessoas ligadas ao governo Lula por determinação do STF (Supremo Tribunal Federal).Aparentemente indignado com estas afirmações do tucano, o presidente chegou perto do seu adversário e afirmou que "ninguém fez tanto na história brasileira para combater esta praga".

Além disso, insinuou que em governos anteriores a "sujeira era sempre jogada para baixo do tapete.

Em sinal de descrédito, o ex-governador de SP balançou a cabeça.Eleitores – Diferente dos três debates anteriores, realizados nas TVs Bandeirantes, SBT e Record, neste confronto foi montada uma arena para que Lula e Alckmin pudessem se deslocar enquanto falavam.

Um grupo de eleitores indecisos selecionados pelo Ibope fez perguntas a ambos sobre os mais variados temas.Na maioria das perguntas, Alckmin procurou não dirigir seu olhar para o adversário e sim para a platéia presente no estúdio.

Já o petista olhou bastante diretamente para o candidato da oposição, que mostrava indiferença e sequer esboçava qualquer reação em relação a maior parte das afirmações de Lula.

Dossiê – O famoso escândalo que envolve petistas na tentativa de compra de um dossiê que ligaria pol?ticos do PSDB com a ‘máfia das ambulâncias’ foi menos discutido neste debate do que em outras oportunidades.

No entanto, quando o tema foi abordado, os candidatos voltaram a trocar acusações.

A já famosa pergunta, "de onde veio o dinheiro?", foi mais uma vez feita pelo tucano, e respondida da mesma maneira pelo presidente: "sou o mais interessado em saber a origem deste montante, afinal o único beneficiado com este esquema foi você", assinalou.As declarações dos pleiteantes ao cargo de mandatário do pa?s geraram manifestações da platéia, já que lá estava militantes e pol?ticos do PT e do PSDB.

Todos foram reprimidos pelo jornalista e mediador Willian Bonner.

In?cio – Como a intenção do confronto era discutir idéias e projetos dos presidenciáveis para o Brasil, o debate foi dividido em temas.

Cada pergunta feita pelos eleitores indecisos presentes na arena era sobre determinado assunto.A primeira questão discutida foi a educação.

Logo de cara, Alckmin não perdeu a oportunidade de cutucar o presidente e disse que o Fundeb (Fundo Nacional de Desenvolvimento do Ensino Básico) não foi aprovado no governo Lula.

O petista, por sua vez, citou uma série de realizações do seu governo nesta área, como a criação de universidades federais, extensões universitárias e escolas técnicas.Para tentar reverter os resultados das pesquisas de intenção de voto, que apontam vitória de Lula no pleito do próximo domingo, Alckmin continuou sua toada de cr?ticas e falou que o presidente concedeu um reajuste muito baixo para os aposentados e deu "R$ 9 bilhões para trabalhadores de uma estatal, no caso a Petrobrás.O petista ironizou e comentou que num debate nem sem as pessoas falam a verdade. "Ficam citando números, pois acreditam que o eleitor não irá checa-los.

Essa negociação foi feita particularmente com os trabalhadores da Petrobrás".

Ele ainda citou benef?cios de seu governo aos aposentados.Desemprego – No segundo bloco, o tema que mais gerou atrito foi a falta de emprego que atualmente assola o pa?s.

Para Alckmin, o Brasil está perdendo oportunidades, pois "enquanto o mundo todo tem crescimento econômico e gera empregos nós estamos na contramão".

Lula rebateu dizendo que gerou sete milhões de emprego em sua gestão. "Eu sei que é pouco, mas foi muito mais do que nos últimos 20 anos.

Lamentavelmente, meu adversário não está falando a verdade", ironizou.

Privatização e segurança – Ao contrário do que aconteceu em outros confrontos, quem dessa vez falou mal de uma provável privatização foi Geraldo Alckmin.

Ele se referiu a uma lei que prevê concessões de exploração da Amazônia e ainda citou que no governo Lula o desmatamento da floresta bateu recorde. "Você parece que não leu o jornal hoje", respondeu Lula, que falou de um levantamento que demonstra queda no desmatamento dessa área.

O presidente ainda declarou que a lei de concessões é necessária e inclusive foi aprovada por tucanos no Senado.Ao falar sobre a questão da segurança pública, Lula subiu seu tom de ironia. "O Alckmin fala que a pol?cia de São Paulo é perfeita, mas esta perfeição toda resultou na facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

Imagina o que pode acontecer em todo o Brasil, se em SP eles comandam o crime de dentro da cadeia", assinalou.Alckmin refutou a declaração do presidente e citou diversos números sobre a queda da criminalidade no Estado.

Além disso, falou mal da fiscalização da pol?cia de fronteira, "já que as armas vem de fora do pa?s e a origem de todo este problema é o tráfico de drogas". "Eu não vou ficar jogando a culpa nos outros, vou sim resolver este problema", disse o ex-governador.Final – Os candidatos se despediram do público mais uma vez pedindo votos na eleição do próximo domingo.

Alckmin falou de esperança enquanto Lula disse que pretender dar continuidade a "tudo de bom" que vem acontecendo no Brasil.