Essa campanha eleitoral, extremamente longa, esgotou praticamente todos os assuntos abordados pelos candidatos.

Não houve absolutamente nada de novo no debate da TV Globo, na noite desta quinta-feira, entre Eduardo Campos e Mendonça Filho.

Dificilmente esse confronto mudará algo no quadro eleitoral em Pernambuco.

Eduardo tem 65% nas pesquisas de intenções de votos, contra 35% de Mendonça. É uma vantagem muito ampla para ser anulada até domingo. (Veja aqui os resultados da pesquisa JC/Vox Populi, que o Jornal do Commercio publica hoje).

O jogo no debate foi muito mais de estratégias de marketing do que um embate quente, pleno de surpresas ou de confronto entre projetos diferentes de governo.

Os candidatos sabiam o que iriam perguntar, o que seria perguntado e o que iriam responder.

Eduardo construiu discurso genérico para tudo.

Por meio dele, escapou da herança negativa do governo Arraes, de questões delicadas e passou suas mensagens fundamentais: "Vamos discutir o futuro de Pernambuco"; "é preciso mudança"; "eu represento o futuro e a mudança"; "eu tenho propostas"; "Mendonça é só rancor e o passado, representa as disputas politiqueiras do passado".

Por meio de suas perguntas e respostas, Mendonça buscou ainda, a esta altura da disputa, resultados para sua estratégia de desconstrução do candidato socialista, que tem como motes: "Nós fizemos por Pernambuco, Eduardo, não"; "Eduardo se apresenta como novo, mas é o atraso"; "Eduardo mente e engana, não é confiável"; "nós estamos com a verdade".

Como esse jogo vem sendo jogado nesse ritmo e nesses termos desde o in?cio do segundo turno, o eleitorado já não se interessa mais pelo debate.

O eleitorado, na verdade, é o que mostram as pesquisas até agora, já se decidiu - cerca de 90% dos eleitores dizem ter escolhido seu candidato.

E eles - ficou claro - optaram pelo discurso de Eduardo.

Por que isso?

Por uma série de razões.

Uma delas é o desgaste natural de oito anos de governos Jarbas/Mendonça.

Em poucos meses, esses governos envelheceram.

Outra razão, extremamente importante, é o conjunto de falhas das duas gestões da União por Pernambuco em áreas cr?ticas como a de segurança pública.

Há ainda, claro, os erros cometidos na campanha de Mendonça, candidato que não foi constru?do.

Enquanto a União por Pernambuco buscava desconstruir Humberto Costa, no primeiro turno, Eduardo pavimentava o caminho dele (leia aqui artigo do professor Pierre Lucena sobre o assunto).