Por Pierre Lucena*Professor e administrador pierre.lucena@contagemweb.com.br O t?tulo deste artigo é o nome de um dos maiores clássicos do faroeste, dirigido por Sergio Leone, e estrelado por Clint Eastwood.
O filme é conhecido aqui no Brasil como “Três Homens em Conflito”, tendo seu ponto forte o final, quando os três adversários duelam entre si.
Na Teoria dos Jogos, uma interessante simulação de três adversários é semelhante a este filme.
O jogo é conhecido como “O Duelo com Três Atiradores”, apresentado no livro “Archimedes Revenge”, de Paul Hoffman.
Suponha que tenhamos três adversários: Paulo, João e Carlos.
Eles estão envolvidos em um duelo simultâneo (parecido com a eleição estadual no primeiro turno de Pernambuco), em que a ordem de preferência é: 1. ser o único sobrevivente 2. ser um entre dois sobreviventes; e 3. ser morto.
Paulo tem 30% de chances de acertar o tiro, João tem 80% de chances e Carlos nunca erra.
Dadas estas condições, é provável que se pense que Carlos será o vencedor deste duelo.
E que Paulo, coitado, será o primeiro a morrer.
Qual então a melhor estratégia para o atirador mais fraco?
Vamos considerar que a preferência do tiro é dada ao oponente mais fraco.
Se Paulo atirar em João, Carlos com certeza o matará depois, pois este nunca erra.
Se atirar em Carlos, terá 80% de chances de morrer, que é a probabilidade de João acertar o tiro.
O que fará Paulo?
Por incr?vel que pareça, o melhor que ele tem a fazer é atirar para o alto, desta forma, João atira em Carlos e, se errar, este atira em João, matando-o.
Chega, então, a segunda rodada, e agora Paulo tem 30% de chances de matar o oponente.
Moral da história: numa disputa, a parte mais fraca pode ter melhor resultado se deixar passar a primeira chance.
Em uma disputa eleitoral com três candidatos competitivos, é melhor esperar, pois um dos l?deres será colocado para fora da disputa por ataques dos adversários.
Pode ser vantajoso esperar e entrar no duelo após outros terem se agredido mutuamente e sa?do do páreo.
As chances de sobrevivência do candidato mais fraco são maiores que se pensa.
A estratégia dominante dos dois mais fortes é atirar entre si. É sempre pior atirar no mais fraco na primeira rodada.
Resolvendo esta equação de probabilidades, Carlos, apesar de ser o mais forte oponente, tem apenas 14% de chances de ser o único sobrevivente, João tem 56%, e Paulo, o mais fraco, tem 36%.
A probabilidade de vitória de cada atirador (considerando que não teremos rodadas adicionais, isto é, se Paulo errar João matará de todo jeito) é dada por: · Probabilidade de vitória de Carlos 0,2 (erro de João) x 0,7 (erro de Paulo) = 0,14 ou 14% · Probabilidade de vitória de João 0,8 (acertar em Carlos) x 0,7 (erro de Paulo) = 0,56 ou 56% · Probabilidade de vitória de Paulo 0,2 (chance de Carlos matar João) x 0,3 (chance de Paulo acertar) + 0,8 (chance de João matar Carlos) x 0,3 (chance de acerto) = 0,30 ou 30% Quis aqui provar que uma boa estratégia pode influenciar no resultado do jogo, e podemos aumentar a probabilidade de um atirador ser vencedor apenas pelo seu posicionamento estratégico.
A eleição para governador de Pernambuco se assemelha bastante ao cenário apresentado por Hoffman.
Eduardo Campos soube se localizar bem na arena eleitoral, esperando seus oponentes se engalfinharem.
O candidato até então favorito, Mendonça Filho, por falta de uma estratégia adequada, sofreu muito desgaste no primeiro turno ficando com a sua candidatura fragilizada no segundo turno.
Isto nos leva a refletir que as chances de vitória de uma candidatura, em um jogo eleitoral tão disputado como este, não depende apenas da qualidade do candidato e de suas propostas, mas do somatório de um conjunto de acertos estratégicos, onde a estratégia de posicionamento escolhida é algo que faz a diferença.
Os resultados da eleição de domingo deverão mostrar que é preciso renovar o processo de formulação de estratégias.
Não dá mais para insistir em teorias que funcionam para apenas um candidato, ou apenas para vitórias no primeiro turno.
Na ficção de Sergio Leone, logicamente o “mocinho” acabou ganhando o duelo.
Na vida real das eleições as coisas não funcionam bem assim.
Não há “Bom”, “Mau” ou “Feio”, só estratégias vencedoras e perdedoras. *Pierre Lucena, 35, doutor em finanças pela PUC-Rio, Mestre em Economia e Administrador pela UFPE, é professor-adjunto da Universidade Federal de Pernambuco, sócio da Contagem Consultoria Estratégica e Pesquisa (www.contagemweb.com.br).
Foi secretário-adjunto de Educação do Estado. É Coordenador do Núcleo de Finanças e Investimentos do Departamento de Ciências Administrativas da UFPE (NEFI).