Por Eliane CantanhêdeColunista da Folha de S.PauloNo Jornal do Commercio BRAS??LIA - No domingo, acaba a eleição e começa o movimento de Serra e de Aécio por uma legenda para disputar a Presidência em 2010.
Como não cabem dois galos no mesmo galinheiro, não cabem dois candidatos no mesmo partido.
Nem três, se Alckmin sobreviver.
José Serra perdeu a disputa interna e a paciência com o PSDB, projetando a possibilidade de um novo partido de centro-esquerda, nacionalista moderno, desenvolvimentista e a favor de um Estado ajustado e ativo.
Atrairia parte do PSDB, do PMDB, do PPS, do PDT e até do PP gaúcho, sem desconsiderar petistas loucos por novos ares.
Mas isso leva tempo.
Aécio, o boa-praça tucano, tem como alternativa o PMDB, favorecido pelas eleições e pela provável vitória de Lula.
O casamento PMDB-Aécio seria unir o útil ao agradável, mas a prioridade do governador de Minas é, ainda, a hegemonia no PSDB.
O fato é que o quadro partidário nunca mais será o mesmo.
O PT perde seu candidato nato, pois Lula não pode disputar a re-reeleição.
O PSDB amarga o desgaste de oito anos no poder e de duas derrotas consecutivas.
O PMDB é o que é, só incha para os lados.
E o PFL e seus l?deres são os grandes perdedores: Bornhausen, ACM, Marco Maciel, José Jorge.
Dificilmente a polarização simples entre PT-PSDB se manterá para além dos governos Lula, e isso oxigena Serra e Aécio.
A nenhum dos dois interessa manter a fantasia criada pelo PT de que Lula é o pai dos pobres, e os tucanos, os privatistas malvados e com horror a pobre.
A rearrumação partidária vai refletir a exaustão do quadro atual, com um eixo nos l?deres que emergem e uma projeção para o futuro.
Entre tantas incógnitas, a maior é saber como será um segundo mandato e que jogo Lula irá jogar.
Ele “planta??? que poderá apoiar Serra ou Aécio em 2010.
Mas só acredita quem quer.