Por Fernando RodriguesColunista da Folha de S.PauloNo Jornal do Commercio de hoje BRAS??LIA - PTB e PL são provas vivas da pré-história da democracia brasileira.
Rejeitados nas urnas, esses partidos vão mandar como nunca no ano que vem.
Para desgraça das instituições, tudo será maquinado dentro da lei.
O PTB saiu na frente.
Incorporou o PAN, cuja votação para deputado federal foi de 264.682 votos em todo o pa?s (0,3% do total).
Com essa insignificância de votos a mais, o PTB pulou de meros dois minutos semestrais na TV e dois minutos no rádio para expressivos 3.360 minutos (56 horas!).
Roberto Jefferson dará a palavra final sobre o conteúdo dessa minutagem, certamente superior à de marcas famosas de sabão em pó.
Jefferson foi cassado.
Admitiu ter manipulado ilegalmente milhões de reais.
Agora, preside o PTB novamente.
A lei permite.
Não pode se eleger vereador, mas comandará 23 deputados federais, o tempo de TV da sigla e o dinheiro público que sua agremiação receberá do fundo partidário - mais de R$ 10 milhões.
Caso ainda mais esdrúxulo é o de Valdemar Costa Neto, do PL.
Admitiu ter recebido dinheiro sujo.
Renunciou para não ser cassado.
Foi eleito novamente deputado federal e manda na sua sigla.
O PL, como o PTB, também foi rejeitado nas urnas.
Tem direito a dois minutos por semestre, em rádio e em TV.
Pretende pular para a categoria dos grandes depois de incorporar nanicos como PSC, PTC, PT do B e Prona.
Tudo legal.
A não ser que a lei seja alterada, nada impedirá traficâncias de anomalias da democracia como PL e PTB.
Até porque o PT, partido-mãe do sindicato do mensalão, usufrui dos mesmos direitos.
E, quando Lula fala de reforma pol?tica, só menciona inutilidades, como o fim da reeleição e o aumento do mandato para cinco anos.
Prejudicar os amistosos PL e PTB, nem pensar.