Por Eliane CantanhêdeJornalista da Folha de S.PauloNo Jornal do Commercio de hoje BRAS??LIA - Alckmin tem chances, é claro, porque ainda faltam duas semanas para a eleição, há muito programa de TV e rádio pela frente e nunca se sabe quantas bombas o PT ainda pode jogar em Lula.

Tudo é poss?vel.

Mas, com Lula consolidando a dianteira, é hora de discutir o fator Geraldo Alckmin na pol?tica brasileira, ganhe ou perca.

Ele é o homem das surpresas, o chuchu que nunca é chuchu.

Bateu o favorito Serra na disputa da legenda e enfrentou no primeiro turno a solidão, a ciumeira mórbida tucana e a pressão quase histérica do PFL e do PSDB para socar Lula antes de ganhar músculos.

Mas foi de uma frieza incr?vel e chegou lá, com mais votos do que o previsto.

Ao subir devagar e sempre nas pesquisas, ao cruzar no caminho com o dossiê que seria contra tucanos mas foi contra Lula e ao chegar ao segundo turno, Alckmin obteve várias vitórias: deixou de ser o anódino fadado a perder e tornou-se o "fato novo", sacudiu Lula, remexeu o tabuleiro tucano e deixou atônitos Serra e Aécio.

O que estava escrito nas estrelas -e nas ambições tucanas- era que Alckmin perderia, cairia num quase ostracismo e abriria uma longa estrada de conversas, conchavos e acertos entre o presidente reeleito e os prováveis presidenciáveis tucanos de 2010.

A chegada ao segundo turno foi uma vitória de Alckmin, mas também uma derrota de Lula, de Aécio e de Serra.

Se ganhar, Alckmin passará automaticamente ao centro das decisões tucanas.

Se perder, o que parece mais provável, vai ter que rebolar para manter o saldo positivo, suportar a falta de mandato e se impor para o que der e vier -inclusive para participar da disputa surda, mas sangrenta, pela vaga de candidato do PSDB em 2010.

O fato é que Alckmin era para ser derrotado e virar história -ou pó.

Mas, dê no que dê, ele sai da eleição bem maior do que entrou.