Do blog de Noblat O que explica a recuperação de Lula nas pesquisas eleitorais depois do susto que ele tomou ao se ver obrigado a disputar o segundo turno com Alckmin?

Foi assimilado mais rapidamente do que se supunha o escândalo da tentativa de compra pelo PT do dossiê da Máfia dos Sanguessugas contra pol?ticos do PSDB?

A agressividade de Alckmin no debate do último domingo promovido pela Rede Bandeirantes de Televisão acabou se voltando contra ele e tomando-lhe alguns pontinhos?

Lula saiu do debate como v?tima e por isso faturou?

Haverá espaço generoso na m?dia até o próximo dia 29 para que se especule sobre essas e outras questões capazes de explicar a provável reeleição de Lula.

Mas o que ocorre é muito mais simples.

A saber: faltaram poucos votos para que Lula vencesse no primeiro turno sem precisar disputar o segundo - algo como 1,8%.

E ele começou agora a atrair esses votos.

Helo?sa Helena, Cristovam Buarque, Eymael, Luciano Bivar e Ana Maria Rangel tiveram juntos pouco mais de 9 milhões de votos no primeiro turno.

Os votos órfãos estão se redistribuindo entre Lula e Alckmin.

De 1989 para cá, computadas as eleições para presidente, governador e prefeito de capital, só houve um caso de candidato que no segundo turno teve menos votos do que no primeiro - Amilcar Martins (PSDB), em Belo Horizonte.

Por que Lula haveria de perder votos ao invés de ganhar?

Não tem lógica.

Como não tem lógica que Alckmin perca os votos que teve.

Alckmin precisa amealhar 85% dos nove milhões de votos para se eleger.

Lula, 15%.

Para que Lula se reeleja, basta que um terço dos seis milhões de eleitores de Helo?sa fique em casa no dia do segundo turno ou vote em branco ou nulo.

Segundo a mais recente pesquisa do Instituto Datafolha, 36% dos eleitores de Helo?sa votarão em Lula e 39% em Alckmin.

No fim do primeiro turno, 39% dos eleitores de Cristovam prometiam apoiar Alckmin em um eventual segundo turno contra 39% que prometiam apoiar Lula.

O placar mudou: 48% dos eleitores de Cristovam declaram que votarão em Lula.

Que cresce, segundo o Datafolha, nas regiões onde perdeu de pouco ou de muito para Alckmin no primeiro turno - Sul e Sudeste.

O Nordeste dará a Lula no segundo turno mais votos do que deu no primeiro - 66,78% dos votos válidos contra 26,15% de Alckmin.

Prefeitos do PFL da Bahia, por exemplo, avisaram ao governador Paulo Souto, derrotado por Jaques Wagner (PT), que dessa vez recomendarão o voto em Lula.

Muitos deles serão candidatos à reeleição daqui a dois anos.

E não querem briga com o futuro governador.

De resto, querem dinheiro para administrar seus munic?pios.

Repete-se em Sergipe e no Ceará o que ocorre na Bahia.

Nos dois Estados, o PT e o PSB elegeram os governadores.

Em Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) abriu 20 pontos percentuais de vantagem na mais recente pesquisa do Ibope sobre o atual governador e candidato à reeleição Mendonça Filho (PFL).

Começa a receber adesão de prefeitos e de deputados do PFL eleitos ou reeleitos no último dia 1.

No primeiro turno da eleição para o governo do Maranhão, Roseana Sarney (PFL) e Jackson Lago (PDT) pediram votos para Lula por debaixo do pano.

No segundo, Roseana pede por cima.

E Lago anunciou que "navegará" entre Lula e Alckmin.

O PT sempre poderá aprontar alguma para atrapalhar Lula.

Ou o próprio Lula poderá aprontar.

O escândalo do dossiê e a fuga ao debate da Globo barraram a reeleição de Lula no primeiro turno.

Graves erros de campanha derrotam candidatos praticamente eleitos.

Mas é imposs?vel raciocinar a partir do imponderável ou do imprevisto que ainda não aconteceu.