Por Túlio Velho BarretoCientista pol?tico e pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, colaborador freqüente do Blog Desde o começo do processo eleitoral, as pesquisas Ibope/Rede Globo têm sido as mais amplas realizadas no Estado, sempre com margem de erro de apenas dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Tal fato resulta da utilização de amostra maior do que os levantamentos dos demais institutos, já que o Ibope tem entrevistado mais eleitores em mais munic?pios.
Da? sua divulgação ser aguardada com expectativa pela m?dia, pol?ticos, analistas e eleitores.
E a primeira pesquisa sobre intenção de voto para o governo do estado no segundo turno, divulgada ontem no começo da noite, traz uma confirmação e uma surpresa. (Veja href="https://jc3.uol.com.br/blogs/jc/2006/10/11/index.php#2311" target=_blank>aqui os números completos).
Por um lado, considerando os votos válidos - assim como faz o TRE-PE para indicar o resultado final das eleições -, o resultado alcançado pelo candidato oposicionista Eduardo Campos (61%) diante do governador-candidato Mendonça Filho (39%), surpreende ao indicar uma enorme e aparentemente irrevers?vel vantagem (22%).
Mas, por outro lado, não deixa de corroborar algumas tendências apontadas logo após a realização do primeiro turno (vide, por exemplo, artigo meu postado, aqui, no Blog, no dia 4.10.2006).
De fato, como pude analisar, apesar de ter alcançado o primeiro lugar no cômputo geral, o governador-candidato Mendonça Filho (PFL) teria mesmo mais dificuldades para crescer do que o oposicionista Eduardo Campos (PSB), que ficou em segundo.
E por várias razões.
Como oposicionista, e por razões ideológicas, a tendência seria Eduardo Campos herdar mais facilmente os eleitores de Humberto Costa (PT).
Mas também porque, por uma série de fatores indicados no citado artigo, a União por Pernambuco privilegiou atacá-lo forte e sistematicamente.
E, assim, conseguiu alijá-lo da disputa, mas facilitou a adesão dos eleitores de Humberto Costa a Eduardo Campos.
Além disso, Mendonça Filho sequer alcançou os 40%, mesmo tendo o ex-governador Jarbas Vasconcelos como seu principal cabo eleitoral.
Enquanto, ao alcançar o segundo turno, Eduardo Campos passou a ter o apoio exclusivo do presidente Lula, que, com sua força no Estado, será o seu principal cabo eleitoral.
Embora saibamos que as pesquisas de intenção de votos não substituem as eleições, e ainda seja necessário acompanhar o desenrolar da campanha, que está apenas no começo, o quadro apontado pelo Ibope/Rede Globo dá a dimensão, no momento, da enorme vantagem da oposição na partida do segundo turno e da hercúlea tarefa da situação para invertê-la.
Sobretudo porque, a partir de agora, para ganhar um voto é necessário tirá-lo do adversário. É o que chamamos de "jogo de soma zero".
PS.
Infelizmente, hoje a m?dia impressa de Pernambuco praticamente ignorou os resultados da pesquisa Ibope/TV Globo, o que impediu uma análise mais apurada dos resultados: a Folha deu destaque na capa e trouxe matéria de tamanho médio; o Jornal, pequeno espaço na capa e no interior; e o Diario, a desdenhou por completo.