Por Pierre Lucena*Professor e administrador pierre.lucena@contagemweb.com.br Em um evento na última terça-feira, o economista Yoshiaki Nakano, ex-secretário da fazenda de Mário Covas e professor da FGV-SP, defendeu uma intervenção na pol?tica cambial, e relatou algumas idéias pessoais a respeito do funcionamento do “mercado???.
Qual o problema disso?
Absolutamente nenhum, se o professor não participasse da formulação do Programa de Governo de Geraldo Alckmin.
Em resumo, Nakano apenas explicitou algumas idéias que alguns consideram totalmente plaus?veis, como o que aqui escreve.
Ele propôs uma intervenção direta no câmbio, através de um fundo de estabilização que permitisse ao Governo administrar o humor do mercado cambial.
Outro ponto que o economista citou como inconsistente é a busca de um único objetivo da equipe econômica, que é o controle da inflação.
Disse que a economia deve pensar mais no crescimento, e isso passa por mexer nos mecanismos de d?vida pública e no fluxo de entrada de recursos.
Apesar de ter dito que falava em nome próprio e que não era candidato a nada, foi o suficiente para desarrumar a campanha de Alckmin.
O comando da campanha foi acionado, parte para desmistificar as idéias de Nakano e parte para desmobilizar o debate econômico, demonstrando que a idéia dessa campanha é despolitizar e empobrecer o debate.
Por outro lado, o chamado “mercado??? ficou preocupado com as idéias “revolucionárias??? de Nakano, e escalou Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central, para agredi-lo sem a menor compostura, o que já é t?pico do executivo, defensor favorito do “mercado financeiro??? dentro do Governo, seja ele qual for.
A tentativa de desqualificação de Nakano passa pela idéia de que só a visão monetarista-liberal, predominante no Banco Central, é a que vale.
T?pica da elite do mercado financeiro, que prefere ver qualquer idéia ser jogada ao léu a discutir seriamente uma proposta.
As idéias de Nakano, ao contrário do que disse o burgo-economista Schwartsman, que foi enxotado do Banco Central no Governo Lula, são plaus?veis, e utilizadas em parte pelo Governo Chinês, que prefere priorizar o crescimento econômico, e opta por favorecer sua relação cambial para auxiliar sua balança comercial, em detrimento das relações comerciais “amistosas??? propostas pelos Estados Unidos.
Quando aparece alguém querendo debater alguma proposta séria, eis que aparece o “mercado??? e a “campanha??? para atrapalhar.
Ao contrário do que disse o economista, projeto de banqueiro, Nakano já prestou muito mais serviço ao Pa?s como secretário da fazenda do que o ex-membro da equipe econômica, que conseguiu a façanha de aumentar os juros com o risco Brasil em baixa.
E em relação ao futuro de Nakano em um Governo do PSDB?
Bom, depois dessa celeuma toda, infelizmente será candidato a virar um “aspone??? com o tucanato, que sempre foi refém do “mercado???. *Pierre Lucena, 35, doutor em finanças pela PUC-Rio, Mestre em Economia e Administrador pela UFPE, é professor-adjunto da Universidade Federal de Pernambuco, sócio da Contagem Consultoria Estratégica e Pesquisa.
Foi secretário-adjunto de Educação do Estado. É Coordenador do Núcleo de Finanças e Investimentos do Departamento de Ciências Administrativas da UFPE (NEFI).