Por Luiz Otavio Cavalcanti*Ex-secretário do Planejamento e da Fazenda de Pernambucolotavio@fsm.com.br A classe pol?tica brasileira vem mudando.
Desde a eleição de 2002.
Quem o diz é o cientista pol?tico Leôncio Martins Rodrigues, da Unicamp.
Ele acaba de editar estudo sobre as modificações ocorridas na composição da Câmara dos Deputados na eleição de quatro anos atrás.
Suas principais conclusões são: 1.
Acentua-se a popularização da classe pol?tica brasileira a partir de 2002.
Ela é observada na composição da Câmara Federal e na organização do primeiro ministério do governo Lula.
Ali estavam treze ex-sindicalistas. 2.
Verifica-se na Câmara Federal redução do espaço pol?tico de parlamentares recrutados nas classes altas e aumento da participação de parlamentares vindos das classes médias e das classes populares (em menor volume). 3.
Essas alterações ocorrem mais em consequência de disputas pol?ticas nas quais candidatos populares são eleitos do que de mudanças estruturais na sociedade. 4.
Há diferença importante entre a eleição de 1998 e a de 2002.
A de 98 favoreceu o bloco de partidos de centro-direita e a de 2002 beneficiou os Partidos de centro esquerda, especialmente o PT. 5.
A massificação da vida pol?tica é fenômeno que marcha com a democracia de massa.
Diminui o dom?nio das elites, as classes médias e trabalhadoras ascendem às instâncias do poder.
Da? o evento de popularização da classe pol?tica. 6.
Foi do Nordeste, em 98 e 2002, o maior número de parlamentares do setor empresarial.
Os profissionais liberais vêm em seguida.
Em terceiro lugar, chegam os funcionários públicos.
E em quarto, os professores. 7.
A bancada de evangélicos alcançou 58 parlamentares em 2002.
Sua ascensão contribui para a popularização da representação pol?tica. 8.
PMDB e PSDB, dois partidos mais fortes de centro, não alteraram muito o perfil social como resultado das duas eleições.
No caso do PSDB, empresários ocupavam mais de 40% de sua representação em 98 e 50% em 2002.
No caso do PMDB, a proporção (50%) continuou a mesma (98/02). 9.
No caso do PT, a proporção de deputados vinda do meio empresarial continuou baixa.
Em 2002, dos 91 deputados eleitos pela legenda, 33% eram professores. 10.
A taxa de turn over eleitoral no Brasil é alta (nos últimos quarenta anos tem chegado perto de 50%).
Nos Partidos de esquerda, essa renovação é, em termos proporcionais, maior. 11.
Aparentemente, segundo o autor, o processo de popularização ajuda a consolidar o sistema democrático porque incorpora classes populares.
E mostra que a disputa pol?tica não é jogo apenas para elite.
Agora é tomar os dados referentes à eleição de 2006 e ver para onde a classe pol?tica está caminhando. *Luiz Otavio Cavalcanti, 60, advogado, executivo e ex-secretário do Planejamento (1975/79 e 1991/92) e da Fazenda (1983/86 e 1992/93) de Pernambuco.
Recifense, Cavalcanti dirige hoje a entidade mantenedora da Faculdade Santa Maria. É autor, entre outros livros, de Como a corrupção abalou o governo Lula (Ed.
Ediouro, 2005), Administradores, quem somos nós? (Ed.
Bagaço, 2005) e Ensaiando Pernambuco (Ed.
Bagaço, 2005).