Quase tudo se repete e, com freqüência, as situações se invertem em disputas eleitorais.
Na sucessão presidencial, a campanha de Lula iniciou uma estratégia do medo contra Alckmin, acusando-o de pretender privatizar o Banco do Brasil e uma série de outras estatais, além de acabar com o Bolsa Fam?lia.
Na eleição estadual, é Mendonça Filho, aliado de Alckmin, quem toca o terror contra Eduardo, candidato de Lula, apontando-o como alguém que irá deixar os servidores sem salários e Pernambuco sem investimentos privados.
Agora, como é comum em eleição, Eduardo não vai dizer nada sobre Lula, nem Alckmin vai tecer comentários sobre a campanha de Mendonça.
Para entender melhor o assunto, vejamos: O que a Agência Estado publicou agora há pouco: PT adota o medo como estratégia O PT resolveu adotar a estratégia do medo para desestabilizar a candidatura do tucano Geraldo Alckmin, decisão reforçada depois do debate da Rede Bandeirantes.
Os petistas afirmam que Alckmin vai vender estatais, acabar com o Bolsa Fam?lia e paralisar a máquina administrativa ao sugerir corte de R$ 60 bilhões no orçamento.
O que publicamos aqui no Blog ontem à noite: Um estilo Duda Mendonça contra uma campanha do medo Ficaram clar?ssimos os tons que Mendonça Filho (PFL) e Eduardo Campos (PSB) darão às suas campanhas neste segundo turno da disputa pelo governo de Pernambuco.
A propaganda eleitoral desta noite, no horário mais importante da TV, encerrada há pouco, mostrou bem isso.
Enquanto Eduardo carrega na emoção, ressalta os apoios, a unidade da oposição e de Lula em torno dele, Mendonça busca mostrar-se como um governador de fato, com obras próprias - além das de Jarbas - e ataca a oposição em pelo menos dois fronts bem definidos.
Primeiro despeja um sentimento de medo enorme contra Eduardo.
Faz isso utilizando-se do próprio Jarbas, que busca desqualificar o socialista num pronunciamento em tom grave e forte.
Faz também por meio de uma apresentadora muito bem colocada, ela transmite credibilidade, e numa peça inteligente, que aponta Eduardo como alguém nebuloso.
O segundo front é o da apropriação expl?cita das marcas de campanhas petistas.
Apropria-se sem nenhum pudor do nome da coligação de Humberto Costa (PT) no primeiro turno.
Diz que Mendonça é Melhor pra Pernambuco (é claro que procura com isso atrair o eleitorado do petista). face=Verdana>A outra marca apropriada pela União por Pernambuco é a de Lula.
A campanha diz que Agora é Mendonça.
Jarbas mesmo fala isso.
Essa apropriação, inclusive, reforça o tom dúbio que a União quer dar a Mendonça em relação à campanha presidencial.
O governador disse nesta noite explicitamente que apóia Geraldo Alckmin.
Mas afirmou isso para logo em seguida sentir-se livre para ressaltar com ênfase as parcerias com Lula e com o governo federal.
Essa ação tem objetivos claros.
Pretende, acima de tudo, não contrariar os eleitores de Lula no Estado.
Eles são numerosos, somaram mais de 70% dos votos válidos no primeiro turno.
Ao não contrariá-los, a campanha de Mendonça tenta criar pontes com os eleitores de Humberto e de Eduardo - os dois candidatos de Lula no Estado.
No programa de Eduardo ficou clara a influência da escola de Duda Mendonça: os v?deos são emotivos, mostram um Eduardo mais humano que no primeiro turno.
Até a cr?tica à medida emergencial do governo Mendonça de reduzir a conta de luz da população está no lugar certo e no tom adequado.
Diz que a medida é boa, mas deveria ter vindo antes ("antes tarde do que nunca", ataca, com humor).
Os marqueteiros de Eduardo passaram todos pelas equipes de Duda.
Eduardo ficou mais espontâneo no v?deo.
Mendonça ainda está pouco à vontade.
A apresentadora dele passa mais credibilidade.
Não há a menor dúvida.
Neste segundo turno, a campanha de Mendonça caminhará pela trilha do medo, pela idéia de que Eduardo representa a incerteza, a vitória do mal.
A de Eduardo seguirá pelo caminho inverso, do bom humor, do alto astral, da soma, do olhar para o futuro.
Agora é esperar os próximos lances e os resultados que cada programa trará.
Campanha pol?tica tem vida própria, vai se construindo e se modificando a cada lance novo.