O prefeito do Recife não gostou nem um pouco da convocação feita ontem, publicamente, por Humberto Costa (PT) para que pedisse licença do cargo durante 20 dias e se engajasse de cabeça na campanha de Eduardo Campos (PSB).

A convocação foi uma forma clara de provocá-lo.

Foi como se disse: "Vamos lá, será que você vai fazer alguma coisa neste segundo turno?" Nos bastidores, Humberto tem dado sinais de que ficou insatisfeito com a participação de João Paulo em sua campanha, no primeiro turno.

Gente ligada a Costa reclama o tempo inteiro, acusa-o de não ter se empenhado como deveria e atribui a isso parte do insucesso do ex-ministro, que foi derrotado inclusive no Recife.

Humberto também perdeu ao ver derrotados seus fiéis aliados Dilson Peixoto e Mozart Sales, candidatos a deputado estadual.

O que pensam as pessoas ligadas João Paulo Elas avaliam que o grupo de Humberto tenta minimizar sua derrota ao buscar fatores apenas externos para justificá-la.

O primeiro deles seria a campanha difamatória da União por Pernambuco, coligação de Jarbas e Mendonça (que efetivamente ocorreu).

O segundo seria a falta de empenho do prefeito do Recife (leia aqui e aqui o que já escrevemos sobre isso).

O pessoal de João Paulo, no entanto, tem argumentos fortes para rebater tudo isso.

Diz que o prefeito praticamente foi escondido no guia eleitoral de Humberto.

Não houve sequer comparações entre as áreas sociais da Prefeitura do Recife e do governo do Estado.

O grupo do prefeito lamenta ainda que as queixas do pessoal de Humberto tenha como objetivo minimizar as vitórias de João Paulo nesta eleição.

O prefeito elegeu João da Costa como o deputado estadual mais votado do Recife, da coligação dele e o terceiro mais de todo o Estado.

Elegeu também, com folga, Pedro Eugênio deputado federal.

E, por pouco, não dá vitória a mais um, o sindicalista Fernando Nascimento, que recebeu mais de 46 mil votos para federal.

Erros da origem O pessoal de João Paulo entende que todos esses problemas começam com um erro de origem.

Era o prefeito, e não Humberto, o candidato natural nessa disputa.

Há um consenso hoje de que João Paulo teria tido força para vencer a eleição no primeiro turno.

Mesmo assim, diz uma fonte ouvida pelo Blog, o prefeito não se colocou como empecilho à entrada de Humberto na disputa.

Ele poderia ter batido chapa numa prévia interna, no PT.

Não o fez.

Aceitou a decisão.

Durante a campanha, apurou o Blog, o prefeito também teria tido muitas de suas sugestões rejeitadas ou simplesmente ignoradas.

Ele ficou à margem de tal forma que só veio aparecer no guia eleitoral do meio para o final.

Pois bem.

Agora vamos esperar o que João Paulo vai dizer daqui a pouco, às 16h, no gabinete dele, no Terminal Mar?timo, no Porto do Recife, onde receberá a imprensa.