Do blog de NoblatMenos de 24 horas depois do debate de ontem à noite na TV Bandeirantes, Lula reconheceu que foi surpreendido por um Alckmin agressivo, brigador e que não o deixou respirar sossegado um só instante.

Promete se preparar melhor para as próximas ocasiões. É recomendável que se prepare, sim.

Lula compareceu ao debate como presidente da República - e, como tal, imaginou que seria tratado.

Saiu dali como candidato - favorito ainda, mas candidato.

Alckmin entrou no debate como o anti-Lula, escalado por seus pares apenas para cumprir tabela e perder a eleição.

Saiu com pinta de presidente - embora possa ser derrotado ao final.

A composição da audiência do debate - de qualquer um - é diferente da composição do eleitorado.

Não dá, pois, para dizer que o vencedor de um debate ganhou menos ou mais votos.

A não ser que ele nocauteie o adversário.

O desempenho de Alckmin foi melhor do que o de Lula, especialmente nos dois primeiros dos cinco blocos do debate.

Alckmin foi para cima o tempo todo e Lula tratou de se defender o quanto pôde, desferindo golpes aqui e acolá.

O maior mérito de Alckmin foi impedir que Lula conseguisse impor sua agenda de discussão - comparar os resultados de quatro anos de governo com os oito do seu antecessor.

Para completar, Alckmin impos a dele - a corrupção no governo Lula.

Ficou demonstrado mais uma vez que Lula é bom de palanque - só é bom de televisão quando consegue ler com naturalidade o que outros escrevem.

Alckmin falou para quem estava em casa.

Lula, para o próprio Alckmin e para quem estava no estúdio.

A partir de um certo momento do debate, Lula passou a jogar para segurar os votos que tem.

Foi quando tentou colar a imagem de Alckmin à imagem do governo anterior que "vendeu o patrimônio nacional para pagar d?vidas".

E foi também quando martelou a idéia de que seu governo cuidou melhor dos pobres.

Alckmin jogou o tempo todo de olho nos eleitores indecisos e naqueles que ainda admitem mudar seu voto.

O alvo preferencial de Alckmin foi o eleitor do Sul, Sudeste e Centro-Oeste - algo como 66% do total de eleitores.

Se Lula tivesse dado ontem um passeio em cima de Alckmin, a eleição teria terminado na prática.

Como ficou em desvantagem, a eleição continuará.