Por Pierre LucenaProfessor e administrador pierre.lucena@contagemweb.com.br A eleição domingo passado mostrou algo que suspeitava há algum tempo: em eleição que um candidato dispara, o segundo colocado tende a ter mais votos que a pesquisa está prevendo.A explicação para isso se dá pela insatisfação dos indecisos em votar no primeiro colocado, quando este é Governo, e pela tendência destes em votar na oposição.
No caso da eleição de domingo, outros ingredientes podem ser apontados como decisivos para o crescimento de Alckmin na reta final.O primeiro deles é a capacidade de alguns setores “amigos??? do Governo de criação de trapalhadas.
A tentativa de compra daquele dossiê é realmente bizarra.
Mesmo levando em consideração que o time de frente da campanha de Lula seria o reserva, o episódio do dossiê mostra que, em todas as campanhas, sempre existe alguém disposto a fazer besteira.
Basta observar os envolvidos e perceber que realmente são uns “aloprados???, como disse Lula.O segundo motivo, e este foi crucial, foi a ausência de Lula no debate.
Menos pela ausência no programa, e mais pela forma como a Rede Globo reagiu, a qual, ao que parece, se sentiu ofendida pelo desprest?gio por parte do Presidente em não comparecer.
Colocar a pergunta e mostrar a cadeira vazia sem resposta realmente foi uma imagem forte, e passou a impressão de que o Presidente não poderia responder.Em relação ao debate, a Globo, na minha opinião, tomou todas as providências para a presença de Lula.
Não convidou Eymael e Luciano Bivar, para que o debate se desse entre os candidatos mais representativos, e ainda formatou o programa de forma a não permitir muitas agressões.
E, mesmo assim, Lula optou por não comparecer.
A Globo partiu de um princ?pio correto, que era o de preservar a instituição da Presidência da República.
Para quem acha que todos devem ser convidados, basta uma pergunta: o Presidente da República pode ir debater o Pa?s, em rede nacional e horário nobre, com o Presidente do Sport (Bivar)?
Realmente não dá.Porém, o ponto principal para a realização do segundo turno foi a fraqueza em alguns palanques estaduais da coligação de Lula.
Alo?sio Mercadante, Nilmário Miranda e Marcelo Crivella obtiveram desempenhos rid?culos em seus estados, que são os principais colégios eleitorais.
Ainda há enorme vinculação da eleição, basta ver o crescimento dos candidatos de esquerda em alguns Estados, como na Bahia.No sul do Pa?s, o candidato de Lula que obteve o melhor desempenho foi Ol?vio Dutra, que ficou com menos de 30%.
Esse fator foi essencial para o baixo desempenho de Lula, principalmente no Sul e São Paulo.
Mesmo em Minas Gerais, onde Lula ganhou, poderia ter um desempenho bem superior.Por fim, acredito que a ausência de campanha de rua por parte de Lula foi o ponto mais importante desta campanha, até então totalmente fria.
Neste segundo turno, o Presidente vai ter que ir a campo, e mostrar seu programa e seu governo, para que a população realmente opte pela continuidade ou algo novo.E cabe a Alckmin responder aos pernambucanos a seguinte pergunta: os investimentos prometidos em Pernambuco, em especial a refinaria, serão mantidos em um eventual mandato tucano?*Pierre Lucena, 35, doutor em finanças pela PUC-Rio, Mestre em Economia e Administrador pela UFPE, é professor-adjunto da Universidade Federal de Pernambuco, sócio da Contagem Consultoria Estratégica e Pesquisa.
Foi secretário-adjunto de Educação do Estado. É Coordenador do Núcleo de Finanças e Investimentos do Departamento de Ciências Administrativas da UFPE (NEFI).