Por Luiz Otavio CavalcantiEx-secretário do Planejamento e da Fazenda de Pernambucolotavio@fsm.com.br O resultado dessa eleição em 2006 é a imagem de um Pa?s dividido.

Socialmente e regionalmente separado.

O Sudeste e o Sul votaram em Alckmin.

O Nordeste e o Norte votaram em Lula.

As classes de menor renda votaram em Lula.

A classe média alta votou em Alckmin.

Fica evidente que o Brasil de Lula é um.

E o Brasil de Alckmin é outro.

Esse dado de apartação pol?tica não é benigno para a governabilidade.

E renova a necessidade de se pensar em pol?tica pública diferenciada para o Norte/Nordeste.

Capaz de reduzir as desigualdades interregionais.

Além deste, a eleição trouxe seis outros principais aspectos: 1.

Houve uma fragmentação de votos que redundou em distribuição de poder a alguns Partidos.

Os de maior representação serão PMDB, PT, PSDB e PFL.

Sete deles ultrapassaram a cláusula de barreira.

E os que tiveram parlamentares envolvidos no episódio do mensalão, como PL, PTB e PP, perderam espaço no Congresso Nacional.

Esta eleição não tem um grande vencedor. 2.

O PMDB sai como fiel da balança pol?tica na Câmara e no Senado.

Será o fiador da governabilidade.

Fica politicamente forte no Legislativo.

Sarney, reeleito, e Renan Calheiros, continuam vice-reis.

E os peemedebistas ressurgem em Executivos estaduais, como no Esp?rito Santo, em Santa Catarina, disputando o segundo turno no Rio de Janeiro e no Paraná. 3.

O PSDB sai fortalecido nos dois colégios eleitorais mais numerosos do Pa?s, São Paulo com J.

Serra e Minas Gerais com Aécio Neves.

E vai disputar o segundo turno no Rio Grande do Sul com Ieda Crusius contra Ol?vio Dutra do PT.

Ganha também em Alagoas com Teotônio Vilela Filho.

O PSDB é um Partido que tem uma fratura em São Paulo, onde Alckmin saiu candidato contra o desejo de Fernando Henrique que queria Serra.

E outra fratura nacional, com o divórcio pol?tico afastando o governador eleito Serra do governador eleito Aécio, ambos pré-candidatos ao Palácio do Planalto em 2010. 4.

A fragmentação de votos nos Estados promoveu a dispersão de poder entre Partidos.

O PMDB deve eleger, no m?nimo, cinco governadores.

O PSDB deve eleger quatro ou cinco governadores.

O PT deve eleger três ou quatro governadores.

O PSB pode eleger dois governadores.

E o PFL pode eleger dois governadores. 5.

A geração de l?deres anterior a 64 acentua o decl?nio de seus representantes, após o desaparecimento de Brizola, Arraes e Tancredo Neves.

Saem derrotados Amazonino Mendes no Amazonas, Siqueira Campos em Tocantins e, contra todos os prognósticos, Antônio Carlos Magalhães, que perde a eleição para governador da Bahia com Paulo Souto, superado por Jacques Wagner do PT. 6.

Finalmente, o mecanismo democrático devolve a Fernando Collor a chance de retornar à vida pública com mandato de senador por Alagoas.

Depois de cumprir pena pol?tica determinada pela legislação, Collor volta à cena pública brasileira.

Certamente sem o arroubo de dezesseis anos atrás, pois ele deve carregar cabelos brancos (mesmo tingidos) de maturidade.

Num momento especialmente delicado da vida republicana em que o diálogo entre opostos será imperativo para a estabilidade democrática. *Luiz Otavio Cavalcanti, 60, advogado, executivo e ex-secretário do Planejamento (1975/79 e 1991/92) e da Fazenda (1983/86 e 1992/93) de Pernambuco.

Recifense, Cavalcanti dirige hoje a entidade mantenedora da Faculdade Santa Maria. É autor, entre outros livros, de Como a corrupção abalou o governo Lula (Ed.

Ediouro, 2005), Administradores, quem somos nós? (Ed.

Bagaço, 2005) e Ensaiando Pernambuco (Ed.

Bagaço, 2005).