O ex-governador Miguel Arraes faleceu há pouco mais de um ano e, se já era tratado como mito, mitificou-se ainda mais após a morte.
Não foi por outra razão que o guia eleitoral da União por Pernambuco, coligação que apóia o governador e candidato à reeleição Mendonça Filho (PFL), em nenhum momento o atacou diretamente.
A União bateu em tudo do último governo do avô de Eduardo Campos, candidato do PSB que disputará o segundo turno com Mendonça.
Bateu no clima de baixo astral do Estado na época, nas crises financeiras, na perda de empreendimentos para outros estados, na segurança pública e, principalmente, nos precatórios.
Mas os marqueteiros nunca falaram em Arraes.
Isso tira voto, é o que dizem pesquisas qualitativas. É o que mostra também a eleição da mãe de Eduardo, Ana Arraes, para a Câmara dos Deputados com cerca de 180 mil votos.
Ana era uma ilustre desconhecida, nunca atuou na pol?tica.
Foi eleita pelo parentesco com o mito.
O ALVO A União por Pernambuco optou por bater em Eduardo, que foi secretário do avô, tratando-o como responsável e herdeiro dos erros e falhas da administração Arraes.
Contra Eduardo, a União usará o mote do atraso, de que o socialista representa a volta a um passado extremamente negativo.
Nesse contexto de ataques, a questão dos precatórios terá papel fundamental.
A campanha de Mendonça pretende lançar Eduardo na vala da corrupção e, assim, derrotá-lo no segundo turno.
O escândalo dos precatórios ainda está vivo na memória dos pernambucanos.
E foi só por isso que Mendonça destacou o assunto há pouco, em entrevista no comitê central, no Recife.
REVIVENDO 98 Esse embate repete o de 1998 em quase tudo, até nos marqueteiros.
São os mesmos da época: o baiano Edson Barbosa (que trabalhava com Duda Mendonça naquela campanha) e Antônio Lavareda, o eterno marqueteiro de Jarbas.
A campanha de Eduardo reagirá de duas maneiras na questão dos precatórios.
Primeiro, buscará mostrar que Eduardo já foi inocentado pelo Supremo Tribunal Federal.
Segundo, dirá que um homem como Miguel Arraes, com a história de correção que teve, não pode ser atacado em sua honra.
Arraes foi usado de forma discreta no primeiro turno.
Mas deverá ocupar papel de maior destaque no segundo.
Essa será a defesa.
MUNIÇÃO Para o ataque, a campanha de Eduardo segue na mesma linha do primeiro turno.
Baterá nas altas tarifas da Celpe, na segurança pública, na saúde e na educação.
Além disso, alguma munição, por exemplo, denúncias relacionadas à administração do Estado, foram guardadas no primeiro turno, quando o segundo mostrou-se mais claro nos cenários da reta final.
No geral, no entanto, a campanha de Eduardo continuará propositiva, na base da paz, do amor e do alto astral.
No segundo turno, a partir de amanhã, haverá espaço para as três coisas.
Inclusive porque os dois candidatos terão o mesmo tempo no guia eleitoral (dez minutos cada um).