Por André Regis*Cientista pol?tico O dia mais importante para a democracia está chegando.

Em breve escolheremos nossos novos governantes e congressistas.

Trata-se de um momento de extrema relevância, lamentavelmente não percebido assim pela maioria da população.

Pagamos caro por isso, escolher mal pode significar: leis ruins, incompetência, corrupção quer seja mediante apropriação do público pelo privado, quer seja pela destruição das instituições, como com o mensalão, ou os sanguessugas etc.Por isso, considerando recomendações da ONG Transparência Internacional, resolvi sugerir aos eleitores um roteiro para a escolha do seu candidato.Em primeiro lugar, devemos dizer não ao chamado voto nulo.

Ele não contribui para nada.

Aliás, ao contrário do que muitos pensam, não serve sequer como meio eficaz de protesto, pois favorece a manutenção do status quo.

Esse comportamento facilita a vitória dos que se elegem com o voto de cabresto e dificulta a eleição dos que dependem do chamado voto de opinião.

Pois somente o eleitor esclarecido adere a esse tipo de campanha.Caso você considere dif?cil encontrar alguém que mereça seu voto, selecione pelo modo inverso.

Ou seja, escolha por eliminação: a) Elimine quem estiver envolvido nos escândalos de corrupção direta ou indiretamente.

Descarte os que tiveram assessores pegos.

Afinal, a responsabilidade pela escolha deve recair em quem a fez;b) Exclua aquele que renunciou a seu mandato para não ser cassado.

Quem renuncia, confessa, e não merece ser reeleito; Não vote também em quem, tendo sido cassado, patrocina acintosamente a candidatura de filhos ou parentes;c) Não ajude a reeleger parlamentar que atuou para impedir as investigações ou se omitiu diante dos escândalos, movido pelo corporativismo;d) Evite votar em quem ainda não prestou serviços relevantes à sociedade.

O mandato eletivo deve ser a coroação de vida dedicada às causas nobres em favor da coletividade;e) Evite votar em quem pertence a partidos inexpressivos, legendas de aluguel.

Partidos desse tipo, desprovidos de significado ideológico, geralmente congregam apenas pessoas sem compromisso com a coisa pública;f) Dispense o candidato folclórico, aquele que quer ser sempre engraçado.

Pol?tica é coisa séria.

Reflita sobre a contribuição de um pol?tico do perfil de Enéas para o aperfeiçoamento da democracia?g) Não vote em quem abusa do poder econômico, quem gasta muito para se eleger deve estar interessado em negócios escusos com o Estado;h) Não vote em quem fez fortuna na vida pública; Quem ficou rico ocupando cargos públicos deve ter muito a explicar para a pol?cia;i) Não vote em quem não demonstra compromisso com a realidade, aqueles que preferem os discursos fáceis.

Entre esses, não vote nos que são contra tudo e contra todos.

No poder eles são capazes de tudo.j) Evite votar em quem se auto-proclama incorrupt?vel e paladino da ética.

Quem tem ética não vive dizendo que a tem.

As práticas são mais importantes do que meras palavras;k) Não vote em quem fala muito a palavra povo (pelo povo, para o povo, em nome do povo).

De fato, o povo sempre acaba pagando caro quando esses chegam ao poder.

O demagogo é uma praga que atinge a pol?tica em todos os cantos do planeta.Enfim, entre os que sobraram, escolha os mais preparados intelectualmente.

A qualificação pessoal é fundamental para o bom exerc?cio do poder.

Escolha aqueles que estão referendados pelo seu próprio passado, isso vale tanto para os que são provenientes do setor privado, quanto do público.

Escolha os que possuem perfil ideológico definido, e que defenda propostas que coincidam com o que você deseja e acredita.Por tudo isso, fica evidente que escolher bem não é fácil, exige esforço.

Quem vota de forma desleixada, e sem compromisso com o futuro, contribui significativamente para a perpetuação dos anões do orçamento, mensaleiros, vampiros, sanguessugas e de seus mantenedores no executivo, aqueles que nunca sabem de nada e lamentam sempre o azar de terem sido tra?dos pelos seus assessores. *André Regis é Ph.D. em Ciência Pol?tica pela New School For Social Research, Nova York -EUA.

Doutor em Direito pela UFPE.

Professor de Direito Constitucional da AESO e da Escola Superior da Magistratura de Pernambuco e Advogado.