Por Angela LacerdaDa Agência Estado Recife - O presidente regional do PSB pernambucano, membro da direção nacional do partido, deputado estadual Milton Coelho, pediu afastamento do cargo, na noite de sábado, depois de denúncia de seu envolvimento na tentativa de articulação de um suposto esquema de desvio de recursos públicos no valor de R$ 1 milhão para financiamento da sua campanha.
A denúncia foi feita pelo ex-militante estudantil Saulo Batista da Silva, de 25 anos, que prometeu entregar nesta segunda-feira, ao Ministério Público Federal e Ministério Público Eleitoral do Estado, gravações de conversas suas com Milton Coelho e com a mulher dele, Simone Coelho.
As fitas revelariam a intenção de recebimento de propina em troca de intermediação do PSB para aprovação, junto à Petrobrás, de um projeto da empresa paulista Conceito Consultoria em Eventos Ltda de instalação de uma pista de kart no gelo durante o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1.
Orçado inicialmente em R$ 4,5 milhões, o projeto seria superfaturado para R$ 5,5 milhões.
De acordo com Saulo Batista, que representa a empresa, o projeto já havia sido apresentado à Petrobrás, que não demonstrou interesse Orientado a buscar apoio pol?tico ao projeto, procurou o PSB pernambucano, em julho, através de um amigo ligado à legenda, que o apresentou a integrantes do partido.
Depois dos primeiros contatos, disse ter passado a gravar as conversas, ao perceber que os socialistas queriam dinheiro para a campanha.Numa das conversas, Simone Coelho teria pedido R$ 1 milhão.
Metade do valor seria adiantado - R$ 350 mil como contribuição legal à campanha do marido e R$ 150 mil por fora, sem recibo, em espécie.
Os outros R$ 500 mil seriam pagos depois da aprovação do projeto.
No dia 13, na única conversa que teve com Saulo Batista, Milton Coelho diz como seria feito o pagamento dos R$ 150 mil em espécie. "A gente vai fazer assim: você leva uma sacolinha e eu levo uma sacolinha.
A? a gente senta, toma um café, demoramos 10 15 minutos, e na hora de ir embora eu pego a sua sacolinha e você pega a minha".
A gravação foi colocada no ar, no fim de semana, no Blog do JC, do jornalista César Rocha, do "Jornal do Commercio", de Pernambuco, a quem Batista entregou cópias de duas fitas.
O encontro para a realização da transação ocorreria dois dias depois em um café indicado por Coelho, em um shopping do Recife. (…) ARMAÇÃO - Em entrevista coletiva na noite de sábado, na sede do PSB-PE, Milton Coelho disse ser v?tima de uma armação orquestrada por adversários pol?ticos. "Foi um processo de extorsão frustrado e os mandantes da trama editaram as gravações", acusou o deputado estadual, que pretende entrar, também hoje, com queixa-crime contra Saulo Batista da Silva e pedirá "rigorosa apuração dos fatos, inclusive dos mandantes".
O dirigente do PSB disse ter contado com a ajuda de um agente da Pol?cia Federal, seu amigo pessoal - não citou o nome -, que o instruiu a estimular as negociações com Saulo Batista, a fim de fazer um flagrante e prendê-lo no momento da entrega dos R$ 150 mil.
Ele disse não ter prestado queixa formal à Pol?cia Federal porque queria sigilo no caso. "Todos os processos que têm corrido no Pa?s estão na imprensa", justificou irritado, na entrevista que encerrou antes de os jornalistas esgotarem suas dúvidas.
Sobre Saulo Batista da Silva, ele disse ser "um maltrapilho, um louco" e garantiu que "ele (Saulo) propôs a sacolinha".
Desde o in?cio, segundo Milton Coelho, ficou configurado, segundo disse, que se tratava de "um agente plantado" a serviço de adversários e que sua intenção era a de desmascarar a trama.