Na semana passada, o Blog apresentou uma série de perguntas que deveriam, na nossa opinião, ter sido feitas aos três principais candidatos ao governo de Pernambuco durante as entrevistas que concederam à TV Globo.
Decidimos então procurá-los e pedir a eles as respostas.O governador e candidato à reeleição Mendonça Filho (PFL) respondeu, entre outras coisas, se hoje venderia novamente a companhia energética de Pernambuco (Celpe). "Sim, se ocorressem hoje as mesmas condições de 1999.
Esta foi um decisão datada e foi acertada para aquele momento".O ex-ministro da Saúde Humberto Costa (PT) disse que sua candidatura é leg?tima, apesar do seu indiciamento pela Pol?cia Federal na Operação Vampiro. "Eu vou provar minha inocência.
Sou uma pessoa que tem a consciência absolutamente tranqüila, por isso estou fazendo campanha de cabeça erguida, olhando as pessoas nos olhos.???O ex-ministro da Ciência e Tecnologia Eduardo Campos (PSB) isentou o governo Miguel Arraes de qualquer responsabilidade pela venda da Celpe, dizendo que, na época, os estados foram pressionados pelo governo FHC a venderem as suas concessionárias.
O socialista também rebateu Humberto, que declarou ser o único com isenção para falar sobre a privatização da Celpe. “Acho que nessa questão Humberto Costa entrou atrasado no tema e entrou mal.???
Humberto Costa e Eduardo Campos concederam entrevistas pessoalmente a Cec?lia Ramos, repórter do Blog.
Já Mendonça Filho evitou respondê-las pessoalmente e enviou as respostas por escrito, por meio da sua assessoria de imprensa.
Veja o que disse Mendonça: 1) Por que a redução do ICMS sobre energia elétrica não ocorreu antes e só está sendo prometida agora, em plena reta final do processo eleitoral?
Porque tudo tem seu tempo e sua hora.
Iniciamos com a tarifa social da Compesa, fizemos o estudo da redução de ICMS para a tarifa de ônibus, encontramos uma solução e implementamos através de projeto de lei.
Estávamos preparando a proposta de menos imposto para estimular as atividades produtivas e melhorar a vida dos mais pobres.
Lançamos o primeiro ponto, referente às empresas, e agora estamos lançando o segundo, para melhorar a vida do povo.2) Por que o governo não conseguiu reduzir os ?ndices de violência nos últimos sete anos e nove meses?
Onde o governo errou?
O Governo reduziu, sim.
Com muito trabalho, investimento e dedicação das pol?cias militar e civil, pelos dados oficiais do Ministério da Justiça, que só foram publicados até 2002, sa?mos de 80,9 mortes por 100 mil habitantes na RMR em 1998 para 69,4 em 2002.
E lembro que a mesma série do Ministério traz o número de 44 mortes por 100 mil para 1995 - praticamente dobrando, portanto, ao longo do per?odo do governo anterior.
Posso garantir que no sistema de informação da SDS os números para 2003, 2004 e 2005 são ainda menores, na faixa dos 50 por 100 mil, mas como não há a informação oficial do Ministério, preferimos esperar o número para não entrar na discussão mórbida de estat?sticas, que seria impertinente para um assunto tão grave.
Temos que continuar trabalhando duro, com ações repressivas e preventivas, para reduzir as taxas de homic?dios em Pernambuco. É isso que estou fazendo e que me proponho a intensificar de 2007/2010.3) Por que todas essas medidas de combate à violência não foram implementadas antes?Foram, sim.
De uma forma ou de outra, com maior ou menor intensidade, o que estamos fazendo já vinha sendo feito.
A diferença é que aprendemos e corrigimos rumos, lançando a Ação Integrada pela Segurança, para otimizar o esforço de cada uma das 8 secretarias envolvidas com a prevenção da violência.
Por outro lado, avançamos na parceria com outras instâncias de governo na questão da segurança, que começa pelo fato novo de termos como secretário da SDS, pela primeira vez, um profissional de carreira da Pol?cia Federal.
Isso vai nos permitir, através do Sistema de Inteligência para o Combate ao Crime, uma ação muito mais coordenada, visando melhores resultados no combate ao crime organizado, ao narcotráfico e às gangues.4) O sr. promete não privatizar a Compesa, mas o governo chegou a receber recursos antecipados de sua privatização.
O que mudou?
A situação fiscal do Governo.
Encontramos um Estado falido, uma Compesa desorganizada, as contas não fechavam.
A privatização foi estudada, sim, como alternativa para enfrentar essa situação.
Agora é diferente.
Com boa gestão, a saúde financeira do Governo é outra coisa.
Sa?mos de um déficit financeiro do Governo, a preços de dezembro de 2005, de 910 milhões em 1998 para um superávit de 44 milhões até agora em 2006. É importante registrar que hoje a Compesa recuperou a sua capacidade de investimento, aplicando recursos próprios na melhoria dos serviços de água e esgoto do Estado.5) O sr. privatizaria de novo a Celpe hoje?
Sim, se ocorressem hoje as mesmas condições de 1999.
Esta foi um decisão datada e foi acertada para aquele momento.
Estava num contexto em que a grande maioria das empresas estaduais estavam sendo privatizadas, para aumentar a capacidade de investimento na rede estadual de energia através do setor privado (o que de fato ocorreu) e para permitir o investimento em pol?ticas públicas pelo Governo do Estado (o que também aconteceu).
O Estado de Pernambuco teve o crescimento do PIB a taxas médias inferiores ao Brasil, ao Nordeste, ao Ceará e à Bahia por toda a década de 90.
De 1999 a 2003, cresceu acima de todos eles, criando mais emprego e reconduzindo a economia de Pernambuco para uma trajetória sustentada de crescimento, que já se expressa nos número recentes de crescimento no primeiro semestre de 2006,em relação a 2005, três vezes superior ao crescimento do PIB brasileiro.
O dinheiro da privatização da Celpe tem grande parcela de responsabilidade nesse crescimento.
Do total obtido com a venda, depois de pagar 600 milhões de reais (a preços correntes) de d?vidas da gestão anterior, usamos mais de 489 milhões para investimentos sociais, definidos de forma participativa através do programa "Governo nos Munic?pios", 175 milhões para apoiar atividades produtivas geradoras de empregos e 654 milhões para infra-estrutura econômica (BR232, aeroporto etc.).
Valeu a pena.
Pernambuco mudou para melhor com esses investimentos, que já atraem mais capital privado e público (caso da refinaria) para gerar mais empregos.