Por Elio GaspariNa Folha de S.Paulo de hojeO "efeito Gedimar" mostra que os demônios do presidente estão soltos, fazendo bruxarias É poss?vel e desejável que o "efeito Gedimar" leve a eleição presidencial para o segundo turno. É poss?vel porque para isso basta a migração de cinco pontos percentuais para os outros candidatos. É desejável porque um segundo turno obrigaria Lula botar o rosto na vitrine do debate público.

Mesmo pessoas dispostas a manter "nosso guia" no Planalto podem se sentir constrangidas a carregá-lo num andor onde estão seus velhos demônios e mais Gedimar Passos, o homem dos pacotes com R$ 1,7 milhão para comprar vozes e silêncios de delinqüentes.

A posição de Lula nas pesquisas indica que 50% do eleitorado não considera as roubalheiras-companheiras motivo suficiente para eleger seu principal adversário, o tucano Geraldo Alckmin.

Jogo jogado.

Eleição é assim mesmo, prefere-se um a outro.

O "efeito Gedimar" altera esse processo.

Ofende pessoas que não gostaram do que viram nas CPIs, mas admitem votar em Lula porque não pretendem botar Alckmin na Presidência.

Quem pensa assim poderá elegê-lo no segundo turno de alma leve.

Fazê-lo no primeiro é mais que uma escolha. É uma indulgência plenária, daquelas que o Papa Leão 10º vendia no século 16 (com lascas à banca) para construir a bas?lica de São Pedro.

O crente comprava o babilaque e ia para o céu sem passar pelo purgatório.

O benef?cio valia para pecados passados ou futuros, cometidos por ele ou por familiares.

O mercado das indulgências acabou em enorme confusão e no surgimento do protestantismo.

Os eleitores estão diante de um Lula renitente.

Conheciam alguns de seus demônios, como Delúbio Soares e Paulo Okamotto.

Não conheciam Freud Godoy.

Achavam que os veteranos petistas do c?rculo doméstico de Lula haviam abjurado a bruxaria.

Engano.

Mesmo avisados de que havia exorcistas na linha, continuaram com suas macumbas.Leia mais aqui (assinantes Folha e UOL).