Por Louise Caroline*Vice-presidente da UNE Desde que inicamos esses debates no Blog das Eleições, tenho saudado a iniciativa de César Rocha convidar três jovens para debater o grande processo de eleições em Pernambuco.
Ousada a atitude de escolher mulheres para falar sobre um tema tão "recomendado" aos homens.
E ousada também a valorização da juventude como agente capaz de interferir nas questões gerais.
Ainda, por não sermos jornalistas – sequer estudantes do curso -, este espaço reafirma que todas as pessoas devem ter suas opiniões respeitadas, seja qual for sua formação acadêmica, sua condição social, sua idade.
Todos e todas têm contribuições importantes a dar, de seu modo, de seu mundo, sobre qualquer tema proposto.
Todavia, como militante dos movimentos juvenis, não poderia ver chegar o dia da eleição sem opinar sobre o tema Juventude, que na última década tem ocupado muito espaço nos debates acadêmicos, sociológicos e pol?ticos.
Isto pode ser evidenciado nas ações governamentais focadas nessa faixa etária e também nas propagandas eleitorais de todas as candidaturas.
Perceber que a juventude representa uma fatia muito grande do eleitorado e que suas demandas no campo das pol?ticas públicas são significativas é fácil.
Os jovens representam 40% dos votantes no Brasil, sendo que, no nordeste, atinge o ?ndice de 46%.
O número de jovens de 16 e 17 anos, (cujo voto é facultativo), que tirou o t?tulo para as eleições de 1º de Outubro é recorde: serão mais de três milhões de adolescentes, um milhão a mais que em 2002.
Um aumento de 45%.
Dif?cil é compreender que o interesse juvenil crescente pela participação pol?tica não se significa em números.
A juventude participa do processo eleitoral mais intensamente por estar cada vez mais organizada e mais consciente de seus direitos.
A imbecilização das campanhas juvenis, que categorizam o segmento ou como problemático ou como festivo, deve ser rechaçada por uma juventude que, ao contrário, é instrumento de soluções e quer educação, saúde, trabalho e lazer.
Portanto, as pol?ticas públicas de juventude não podem ser elaboradas sem a própria juventude, cujo acúmulo se desenha nas mais variadas áreas que atingem o setor.
A sociedade brasileira deve refletir com dedicação sobre a questão juvenil.
A violência que atinge a todos, atinge em maior grau a juventude.
O desemprego que impossibilita a dignidade, também tem ?ndices campeões na juventude.
Segundo dados da UNESCO, "Pesquisa Qualidade de Vida para a Juventude", o estado de Pernambuco ocupa o penúltimo lugar no ??ndice de Desenvolvimento Juvenil no Brasil.
Sendo que nos ?ndices de analfabetismo jovem somos o estado campeão do nordeste e na frequencia escolar ocupamos a quinta pior colocação em todo o pa?s.
Como resposta, o que vemos do Governo Jarbas/Mendonça é a realização de festivais, festas e festejos.
Pior: repressão e diálogo zero com as organizações de juventude, relembrem-se os tristes episódios de truculência executada pelo Coronel Meira, sob os comandos do Secretário de Defesa Social, na luta pela redução das passagens de ônibus.
O Governo Lula tem garantido avanços históricos nesse debate.
Criou a Secretaria Nacional de Juventude e o Conselho Nacional de Juventude e, junto à Câmara dos Deputados, constrói o Plano Nacional de Juventude, através de plenárias e audiências realizadas com os jovens em todos os estados do pa?s.
Em Pernambuco, Humberto Costa compromete-se com essas pol?ticas e com muitas questões espec?ficas, destacando-se a Expansão e Gratuidade da Universidade de Pernambuco, que, contrariando a Constituição de Pernambuco, é pública sem ser gratuita.
O mais importante de tudo isso é que essa geração de jovens compreenda sua tarefa de trazer novos valores e contribuições a nosso pa?s e ao mundo.
Que participe, lute por seus direitos, engaje-se em algum grupo, organização, movimento.
E que o conjunto da sociedade perceba que não podemos formar uma geração exclu?da do trabalho, da paz, da educação, da cultura e do esporte, elementos decisivos para o desenvolvimento pleno de um ser humano.
Sonhar com um mundo melhor é nosso instinto.
Constru?-lo, nosso desafio. *Louise Caroline, 23, é estudante de direito, vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) e militante do PT.