Do Jornal do CommercioNo dia em que estava agendado o anúncio do procurador da República Gustavo Pessanha Veloso sobre a denúncia ou não dos envolvidos na Operação Vampiro, deputados estaduais e federais aliados do candidato do PT ao governo do Estado, ex-ministro da Saúde Humberto Costa, apresentaram cópias de depoimentos em que três indiciados pela Pol?cia Federal citam Guilherme Robalinho, ex-secretário estadual de Saúde durante a gestão Jarbas Vasconcelos.

Com base nas declarações dos envolvidos, os parlamentares vão protocolar hoje um pedido de ampliação das investigações.

Caso Pessanha aceite a reivindicação, a decisão do Ministério Público Federal de oferecer ou não denúncia contra Humberto deve ser protelada.

Segundo o deputado Paulo Rubem Santiago (PT), que comandou a entrevista coletiva concedida ontem, no auditório da Assembléia Legislativa, os três depoimentos revelam “as verdadeiras razões??? que levaram ao indiciamento do ex-ministro.

Segundo Rubem, ao assumir a pasta da Saúde, Humberto contrariou vários interesses da multinacional Octopharma, empresa com sede na Su?ça e que tinha como um dos representantes no Brasil Jaisler Jabour – apontado como um dos integrantes da máfia que fraudava licitações de hemoderivados e que chegou a ser preso após a descoberta do esquema.

O parlamentar petista divulgou um trecho do depoimento do ex-presidente da Federação Brasileira de Hemofilia, Jouglas Abreu Bezerra Júnior, que compõe o inquérito que resultou no indiciamento de Humberto. “Nada sabe sobre eventual influência pol?tica, salvo em relação a Pernambuco, que, segundo Jabour, era bancado por ele, na pessoa de um tal Robalinho, tendo patrocinado campanhas pol?ticas naquele Estado???, relata Jouglas no depoimento.

Para comprovar o v?nculo entre a multinacional e o governo estadual, Rubem alegou, ainda, que o Executivo, no final de 2002, criou a Companhia de Produção de Hemoderivados, por meio de uma lei estadual aprovada pela Assembléia, que funcionava como uma sociedade mista entre Estado, Hemope, Lafepe e a Octopharma.

Mas, segundo Rubem, a Advocacia-Geral da União considerou o empreedimento ilegal, pois o mercado de hemoderivados no Brasil não pode ser controlado por empresa privada. “Isso abortou um grande negócio???, afirmou Rubem.

Os parlamentares petistas questionaram ainda o indiciamento de Humberto Costa e sugeriram que a máfia dos vampiros tinha ligação com o PSDB. “Qualquer autoridade pública minimamente preocupada em fazer uma boa investigação teria juntado as peças e constatado a trama.

Todo esquema foi montado por gente ligada aos tucanos???, afirma um trecho do documento, que vai ser protocolado hoje no Ministério Público Federal.