O ex-secretário de Saúde de Pernambuco e um dos principais ex-assessores do ex-governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), Guilherme Robalinho, está indignado.
Mesmo assim ele consegue ver um "lado positivo" ao ter seu nome supostamente envolvido com pessoas ligadas ao escândalo dos vampiros. "Acho até bom isso porque desmoraliza a mentira de Humberto, que diz que trouxe a Hemobrás para Pernambuco", disse Robalinho, em entrevista a Cec?lia Ramos, repórter do Blog.
Afirmando desconhecer detalhadamente a acusação contra ele, Robalinho contou que passou boa parte do dia de ontem em seu consultório médico. "Eu fiquei sabendo (da denúncia) pela imprensa, quando os jornalistas começaram a me ligar.
Estou saindo do consultório agora", afirmou o médico, que também assegurou não ter conversado até então (eram 20h40 de ontem), com Jarbas sobre o assunto.
Revoltado por ter, segundo ele, seu nome "enlameado" por quem "tem nome sujo", Robalinho fez questão de relembrar, passo a passo, todo o processo de elaboração do projeto da Hemobrás, de 1999 para cá. "O projeto é um sonho de vários governos pernambucanos, Joaquim Francisco, Miguel Arraes, Jarbas Vasconcelos…
Então é mentira de Humberto, que diz que trouxe isso e aquilo.
Ele nunca fez nada".
Ele nega, porém, conhecer o lobista e empresário Jaisler Jabour, apontado como um dos principais l?deres da máfia. "Nunca estive com ele.
Nem o nome dele é familiar", garante o ex-secretário.
Ele também disse nunca ter visto ou falado com Jouglas Abreu Bezerra Júnior, ex-presidente da Federação Brasileira de Hemofilia (veja aqui o que disse Jouglas à Pol?cia Federal).
Robalinho, no entanto, contou que esteve com Edilamar Martins Gonçalves, ex-funcionária do Ministério da Saúde. "Meu contato com ela era pelo Lafepe.
E ela já esteve aqui no Recife.
Mas ela deve estar equivocada, porque eu não conheço esse sujeito (Jabour)".
Para a PF, Edilamar contou que sabia das conversas entre Jabour e Robalinho para tentar implantar uma planta de hemoderivados. "Mas este assunto era uma coisa paralela entre o Jabour e o Robalinho", relatou a ex-funcionária. "Estou sabendo das declarações desses dois (Jouglas e Edilamar) por você, a essa hora da noite.
Acho tudo isso indecoroso e coisa de quem está perdido e desmoralizado.
Estou afastado da vida pública e muito me honram meus 12 anos como secretário de saúde (municipal e estadual)", desabafou o médico, que também dá aulas na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).Veja a entrevista que Robalinho concedeu a Cec?lia Ramos, repórter do Blog: No mesmo inquérito da Pol?cia Federal que gerou o indiciamento de Humberto Costa (PT), o senhor é citado por mais de uma vez por causa dos contatos que mantinha com o empresário e lobista Jaisler Jabour, apontado como um dos principais l?deres da máfia dos vampiros e que esteve preso por conta disso.
Qual foi o seu contato com Jabour?Não conheço essa pessoa.
Nunca estive com ele, não sei do que se trata.
Nem o nome dele é familiar.
A denúncia dos deputados da Frente Melhor pra Pernambuco, de Humberto Costa (PT), feita ontem, diz que o senhor e Jabour tocavam juntos o projeto de implantação de uma fábrica de hemoderivados em Pernambuco, em parceria com a multinacional Octapharma.
Se o senhor não conhece Jabour, quem eram seus contatos para tentar viabilizar a Hemobrás?
Só mantive contato com Serra (o ex-ministro da Saúde José Serra), que é meu amigo pessoal, e com Barjas Negri (sucessor de Serra no ministério).
Além deles, toda a bancada de deputados pernambucanos em Bras?lia.
Até tomei um café da manhã com Armando Monteiro Neto (deputado federal pelo PTB).
Outra pessoa importante nesse projeto foi Aderson Araújo, então presidente do Hemope, e que depois assumiu meu lugar na secretaria estadual (a partir do dia 09 dezembro de 2004).
Ele também tratou conosco do projeto.
O senhor conhece Edilamar Martins Gonçalves, ex-funcionária do Ministério da Saúde?
Ela cita o senhor em depoimento para a Pol?cia Federal sobre a Operação Vampiro.
Conheço.
Ela trabalhava na pol?tica de medicamentos, era uma técnica do ministério.
Meu contato com ela era pelo Lafepe.
Ela ja esteve aqui no Recife.
Essa senhora dirigiu um laboratório, ela é muito competente na parte de medicamentos e ajudou muito na recuperação do Lafepe.
O que foi que ela disse?
Edilamar relatou à PF que sabia que o senhor mantinha conversas com o lobista Jaisler Jabour para a implantação da Hemobrás.
Ela deve estar equivocada, porque eu não conheço essa pessoa.
O senhor conhece Jouglas Abreu Bezerra Júnior, ex-presidente da Federação Brasileira de Hemofilia?
Ele também cita seu nome no inquérito da Pol?cia Federal, ligando seu nome ao de Jabor e a financiamento de campanha pol?tica.
Nunca vi.
Não conheço.
Fica nesse fulano disse que fulano disse a? é que você vê que é uma coisa de desespero.
Não tenho nada a esconder.
Isso é desespero de Humberto.
Ele é quem tem o nome sujo e enlameado.
Estou sabendo das declarações desses dois (Jouglas e Edilamar) por você, a essa hora da noite.
Acho tudo isso indecoroso e coisa de quem está perdido e desmoralizado.
Estou afastado da vida pública e muito me honram meus 12 anos como secretário de saúde (municipal e estadual).
PARTE 2 - A velha briga pela paternidade da Hemobrás "Humberto, na verdade, ao invés de aprovar o que já existia, voltou todo o processo e acabou fazendo um projeto estrangeiro como o nosso", diz Robalinho De quem foi o projeto da Hemobrás?
Primeiro começamos a desenhar o projeto da fábrica de hemoderivados pela Sudene, com Jarbas e Mário Covas.
Com a Sudene extinta, Serra, então ministro da Saúde, abraçou a causa (trazer a Hemobrás para Pernambuco).
No fim de 2000, no Palácio do Campo das Princesas, o ministerio da Saúde, o Governo de Pernambuco e representantes da empresa Suiça Octapharma, assinaram uma carta consulta.
Ainda no Governo Jarbas criamos o projeto de lei para criar a fábrica de hemoderivados, no fim de 2002, com Lula já chegando na presidência da República.
Eleito, ele, junto com técnicos do ministério da Saúde, decidiu que era uma empresa estatal federal, mas sem definir o estado.
Foi uma decisão pol?tica a fábrica vir para Pernambuco?
São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais queriam também sediar a Hemobrás.
Então era uma briga grande.
Mas Pernambuco tinha a caracter?stica de já ter um hemocentro e especialidade na área.
Eu já dizia que se tratava de uma decisão técnica porque Pernambuco já produzia albumina humana e era o único estado brasileiro com capacidade técnica aprovada.
Então antes de ser uma decisão pol?tica, era técnica.
Existe uma briga pela paternidade por um projeto que sequer saiu do papel.
Quem, afinal, decidiu?
Por decisão do ministério da Saúde, na gestão de José Serra, foi escolhido Pernambuco.
O Governo do Estado encaminhou o projeto de lei para a construção da fábrica.
Humberto Costa foi escolhido ministro da Saúde e ele e o presidente Lula assumem o compromisso verbal com Jarbas de manter a fábrica em Pernambuco.
Depois, o assessor jur?dico do ministério da Saúde (faz uma pausa e diz: "não lembro o nome") questionou o modelo legal constituido pelo Governo do Estado, no qual a Hemobrás seria uma empresa estatal com tecnologia privada.
Ele queria que (a Hemobrás) fosse uma empresa estatal federal com tecnologia privada e não estadual.
Resultado: é enviado então novo projeto ao Congresso.
Mobilizamos toda a bancada pernambucana, porque àquela altura já não t?nhamos mais a garantia que seria no nosso estado.
Humberto Costa, enquanto esteve no Governo Lula, então, segundo sua análise, retardou o processo para a construção da Hemobrás?Humberto, na verdade, ao invés de aprovar o que já existia, voltou todo o processo e acabou fazendo um projeto estrangeiro como nosso, porque só quem detém a tecnologia apropriada é empresa estrangeira.
Todas as empresas mundiais do ramo foram convidadas a apresentarem seus projetos, avaliados por uma comissão do Hemope.
Foram ouvidas as empresas uma a uma e a única que apresentou uma proposta interessante foi Octapharma, que seria a sócia minoritária.
Se Pernambuco tivesse a maior parte da ações ou não, não importava.
O que quer?amos era a empresa aqui.
Até hoje a Hemobrás não saiu do papel, não tem recursos orçamentários.
Não se constrói uma indústria desse porte em menos de três anos.