Do blog de Noblat A quem interessa o crime? - costumam perguntar investigadores quando se deparam com um. É a primeira pergunta que ocorre a eles.
A quem interessaria o crime da compra de um dossiê que poderia barrar as chances de José Serra de se eleger governador de São Paulo no primeiro turno?
A resposta óbvia é: ao PT.
E, no caso, parece ser a resposta certa.
A mesma pergunta poderia ser formulada de outra maneira: A quem interessaria o crime da compra de um dossiê que poderia barrar as chances de Lula de se reeleger no primeiro turno?
A resposta óbvia é: à oposição.
E, no caso, a resposta parece errada.
Nem sempre a resposta óbvia é a resposta certa.
Nas últimas 48 horas, l?deres do PT esqueceram de propósito que o dossiê foi montado e divulgado para constranger Serra.
Disseminaram a suspeita de que a operação tinha como objetivo desestabilizar a candidatura de Lula a menos de 15 dias da eleição.
A suspeita não resiste a um sopro.
Quem planejou a operação achava que ela seria um êxito.
E teria sido se a Pol?cia Federal não a abortasse na madrugada da última sexta-feira.
Há mais de uma semana que a pol?cia ouvia as conversas telefônicas de Luiz Antônio Vedoin, um dos chefes da Máfia dos Sanguessugas que ganhou muito dinheiro com a venda superfaturada de ambulâncias a prefeituras.
O grampo permitiu a descoberta da negociação entre Vedoin, Valdebran Carlos Padilha da Silva e Gedimar Pereira Passos.
Os três foram presos.
Valdebran é um empresário de folha corrida polêmica. É ligado ao PT do Mato Grosso.
Em 2004, foi tesoureiro informal do candidato do partido a prefeito de Cuiabá.
Gedimar é ex-agente federal, advogado e funcionário do Diretório Nacional do PT.
Confessou que a ordem para a compra do dossiê foi dada por Freud Godoy, responsável pela segurança de Lula há 17 anos e funcionário da secretaria-particular da presidência da República.
Ora, como duas pessoas da confiança do PT e uma da irrestrita confiança de Lula poderiam se envolver com algo que fosse capaz de causar sérios danos ao projeto de Lula de ganhar um novo mandato?
E logo às vésperas de tal projeto se realizar?
Não faz o menor sentido.
Faz todo sentido, sim, que estivessem empenhadas em prestar mais um relevante serviço ao PT - o de empurrar a eleição de governador de São Paulo para o segundo turno.
Também não faz o menor sentido que Lula soubesse do que se tramava.
Ele entregou a cabeça do seu mais importante ministro (José Dirceu) para que o escândalo do mensalão não lhe custasse a própria cabeça.
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