Por Túlio Velho Barreto*Cientista Pol?tico e Pesquisador da Fundação Joaquim Nabucotúlio@fundaj.gov.br A crise aberta pelo surgimento do dossiê anti-Serra é o fato mais grave ocorrido nesta campanha.

E ainda é prematuro avaliar sua repercussão.

Por isso, não estou totalmente seguro quanto ao estrago que poderá fazer na candidatura do presidente Lula.

Ou, pelo menos, no resultado do primeiro turno.

Mas concordo que há mesmo pouco tempo para que a oposição explore a crise e explique o que o ex-ministro da Saúde de FHC, José Serra, candidato do PSDB ao governo paulista, tem a ver com o caso envolvendo deputados e senadores sanguessugas.

Já o efeito que provocará sobre o provável segundo governo Lula será grande.

De fato, o presidente Lula já sabe que apenas com o PT e aliados será dif?cil governar.

Por isso, já havia acenado para a oposição.

Mas, agora, o PSDB e o PFL não perderão a chance de atingi-lo por causa de mais um escândalo, até porque está clara a tentativa de trazê-los para dentro da crise.

Entretanto, estou absolutamente seguro que o caso complicará ainda mais a vida de alguns candidatos petistas aos governos estaduais, sobretudo daqueles que foram colaboradores diretos do governo Lula, como o ex-ministro Humberto Costa.

A explicação para tal paradoxo (a crise é nacional, mas atinge mais as disputas estaduais) é simples: para se safar, o presidente-candidato Lula jogou toda a culpa da crise do mensalão etc. no PT e em alguns de seus dirigentes.

Humberto Costa era ministro, saiu do governo em meio à crise – na ocasião, inclusive, o caso dos vampiros já havia estourado.

E, atendendo aos apelos do presidente Lula, assumiu um cargo na direção nacional petista.

Agora, em plena campanha estadual, foi indiciado no caso dos vampiros pela Pol?cia Federal e deve ser denunciado pelo Ministério Público amanhã ou nos próximos dias.

Ou seja, é o PT que está novamente no centro do furacão; e não o presidente Lula, pelo menos por enquanto.

No momento, o que pode facilitar a vida do presidente-candidato Lula, mas, sobretudo, a de Humberto Costa, é o envolvimento de pol?ticos e dirigentes dos partidos que fazem oposição nacional ao governo Lula e, em Pernambuco, integram ou apóiam o governo Mendonça Filho, que já foi o governo Jarbas Vasconcelos.

Só isso pode segurar os adversários do presidente-candidato Lula e do candidato Humberto Costa.

Portanto, não podemos mais avaliar o quê poderá ocorrer nestas duas últimas semanas de campanha.

Mas fica no ar uma pergunta: alguém poderá sair ganhando desta intensa disputa?

Sou tentando a dar uma resposta: talvez o candidato da Frente Popular de Pernambuco, Eduardo Campos, que, a esta altura, será tentado a fingir-se de morto até que o tiroteio acabe.

E se conte os sobreviventes. *Cientista pol?tico e pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, Túlio Velho Barreto, 48, é um dos autores dos livros "Democracia e Instituições Pol?ticas Brasileiras no final do Século XX" (MCP-UFPE/Bagaço, 1998) e "Nordeste 2004 - O Voto das Capitais" (Fundação Konrad Adenauer, 2005).

Co-organizou e participou dos livros "Na Trilha do Golpe - 1964 revisitado" (Editora Massangana, 2004) e "A Nova República - Visões da redemocratização" (Cepe/JC, 2006), que resultaram de séries especiais publicadas pelo Jornal do Commercio em parceria com a Fundação Joaquim Nabuco.