Por Túlio Velho Barreto*Cientista Pol?tico e Pesquisador da Fundação Joaquim Nabucotúlio@fundaj.gov.br Faltam menos duas semanas para a realização do primeiro turno das eleições de 2006.

E, de acordo com as últimas pesquisas de intenção de votos dos vários institutos que têm medido as preferências do eleitorado pernambucano, em vários aspectos o quadro no estado continua indefinido.

Aqui, pretendo fazer alguns breves comentários acerca dos resultados apresentados por tais institutos, sobretudo porque (aparentemente) existem relevantes contradições entre eles quanto ao candidato que se encontra no momento em segundo lugar: Humberto Costa ou Eduardo Campos.

Para facilitar a exposição de meus comentários, resumi no quadro abaixo o resultado das pesquisas mais recentes desses institutos, embora reconheça que o (mais) correto seria comparar pesquisas realizadas em um mesmo intervalo de tempo.

Com efeito, pesquisas realizadas em intervalos diferentes, ainda que respeitem os mesmos critérios cient?ficos, podem apresentar resultados distintos pelo simples fato do eleitorado estar exposto a novas informações, enfim, condições inexistentes anteriormente.

Os dados utilizados foram levantados e apontados pelo Ibope, Vox Populi, Data Associados e Databrain para quatro diferentes órgãos de comunicação, respectivamente, Rede Globo Nordeste, Jornal do Commercio, Diario de Pernambuco e Revista Isto É.

Nos próximos dias, provavelmente a partir de hoje, deverão começar a circular resultados de novas pesquisas realizadas pelo Opine (Folha de Pernambuco) e Ibope (Rede Globo Nordeste).

Candidato Ibope/ Rede Globo 46/9 JC/Vox Populi 9-10/9 Diario/Data Associados 0cm 0cm 0pt; LINE-HEIGHT: 130%; TEXT-ALIGN: center" align=center>11-13/9 IstoÉ/ Databrain 11-13/9 Mendonça Filho 36 35 38 38,0 Humberto Costa 25 22 18 26,1 .75pt; mso-border-left-alt: three-d-engrave 6.0pt; mso-border-top-alt: solid .75pt; mso-border-bottom-alt: three-d-engrave 6.0pt; mso-border-color-alt: windowtext" vAlign=top width=120> Eduardo Campos 22 18 21 20,1 Margem de erro No de entrevistados Munic?pios pesquisados 2,0 1806 77 3,1 1003 45 3,0 1100 n/d three-d-engrave windowtext 6.0pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .75pt; mso-border-top-alt: three-d-engrave windowtext 6.0pt" vAlign=top width=82> 3,2 1000 n/d OBS.

Os percentuais acima mostram a intenção de votos nos três candidatos melhor posicionados na disputa em Pernambuco, segundo os institutos de pesquisas, e correspondem à intenção estimulada sem excluir os votos nulos, brancos e indecisos.

Todas foram registradas no TRE-PE, conforme informações prestadas quando foram divulgadas.

A partir dos dados acima, podemos apresentar algumas (quase) certezas a respeito da eleição para governador no estado, pelo menos no momento em que escrevo e mantidas as atuais condições de disputa, em suma, se a eleição fosse realizada hoje: 1.

As últimas consultas realizadas pelos institutos de pesquisas indicados no quadro acima mostram uma forte tendência à realização de segundo turno em Pernambuco; 2. que o candidato Mendonça Filho (PFL, União por Pernambuco), apesar do lento avanço, pode alcançar o patamar de 40% e estaria garantido nele com relativa folga; 3. que a disputa pelo segundo lugar entre Humberto Costa (PT, Melhor para Pernambuco) e Eduardo Campos (PSB, Frente Popular de Pernambuco) está absolutamente indefinida.

E mais: a alternância entre eles no segundo lugar, que tanto tem incomodado a ambos os candidatos e a seus respectivos eleitores, está dentro da margem de erro utilizada pelos institutos. É sempre relevante lembrar que a margem de erro é para cima e para baixo; 4. que a indefinição quanto ao candidato que disputará um provável segundo turno com o candidato da União por Pernambuco, Mendonça Filho, torna a pesquisa acerca de um eventual segundo turno entre Humberto Costa e Eduardo Campos de dif?cil mensuração e de alto risco.

Aqui, devo necessariamente comentar com mais cautela a alternância entre eles no segundo lugar.

De fato, devemos entender que, no momento, o eleitor já está sendo estimulado a antecipar sua decisão sobre o primeiro turno, que, como sabemos, só ocorrerá daqui a alguns dias.

E as condições objetivas em que ocorrerá um eventual segundo turno, o que implica em novas alianças partidárias e tempos idênticos de propaganda eleitoral no rádio e na TV para os dois concorrentes, por exemplo, serão bastante distintas das atuais, e pode contribuir para distorcer as pesquisas acerca de uma segunda disputa, mesmo entre os dois atuais primeiros lugares, apesar de todo rigor cient?fico utilizado.

O que dizer, então, de um cenário que estimula o eleitor a escolher entre dois candidatos com possuem perfis semelhantes e que estão posicionados, no momento, no segundo e terceiro lugares?

Em quem votará o eleitor de Mendonça Filho, de perfil bastante distintos dos outros dois candidatos - Eduardo Campos e Humberto Costa - em um eventual segundo turno entre eles?

Tais questões servem apenas para dar uma dimensão dos problemas oriundos dos esforços dos institutos em estimular as escolhas dos eleitores para os cenários ainda bastante indefinidos de segundo turno.

Por isso, alguns não fazem levantamento para um eventual segundo turno ou não apresentam ao eleitor o cenário que não envolva o candidato que está mais bem colocado em seus levantamentos. 5. e, finalmente, que, levando em consideração o quadro acima, a disputa entre Humberto Costa e Eduardo Campos, salvaguardando o surgimento de algum fato novo relevante - como a previs?vel denúncia contra o ex-ministro Humberto Costa, que o Ministério Público deverá oferecer à Justiça nos próximos dias -, só deverá se resolver às vésperas ou no dia do primeiro turno.

Tal fato tornará a (ilegal) boca-de-urna ainda mais importante.

E, provavelmente, fará com que as duas coligações - Melhor para Pernambuco e Frente Popular de Pernambuco - não abram mão dela. *Cientista pol?tico e pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, Túlio Velho Barreto, 48, é um dos autores dos livros “Democracia e Instituições Pol?ticas Brasileiras no final do Século XX??? (MCP-UFPE/Bagaço, 1998) e “Nordeste 2004 - O Voto das Capitais??? (Fundação Konrad Adenauer, 2005).

Co-organizou e participou dos livros “Na Trilha do Golpe - 1964 revisitado??? (Editora Massangana, 2004) e “A Nova República - Visões da redemocratização??? (Cepe/JC, 2006), que resultaram de séries especiais publicadas pelo Jornal do Commercio em parceria com a Fundação Joaquim Nabuco.