Por Renata Lo PreteEditora do Painel da Folha de S.PauloA cristalização prematura do favoritismo de Lula fez o tempo avançar.
Embora o calendário indique duas semanas e seis programas de TV até a eleição, o mundo habitado pelos pol?ticos já vive o dia seguinte, o ano seguinte e, naturalmente, 2010.Analistas de risco não ouvem mais, de clientes com interesses no Brasil, perguntas sobre o desfecho da disputa.
As dúvidas dizem respeito ao que virá no segundo mandato.
O presidente trata apenas do futuro nas conversas com o PMDB.
O ministro Tarso Genro faz o mesmo ao propor "concertação", enquanto participa, na condição de postulante, do in?cio da batalha interna pela vaga do PT na primeira cédula presidencial sem Lula em mais de duas décadas.
Também Fernando Henrique Cardoso, com sua carta, mira os próximos quatro anos.
Tenta modelar um PSDB de genu?na oposição, em resposta à corte de Lula a Aécio Neves e, de maneira mais ampla, ao perigo de desagregação decorrente da perspectiva de derrota.
Até mesmo Geraldo Alckmin, o mais prejudicado pela lógica do dia seguinte, cuja premissa é que o jogo estaria decidido, não descuida totalmente do pós-eleição.
Cola em Aécio porque Minas Gerais, pelo tamanho do eleitorado e popularidade do governador, é dos poucos Estados que ainda podem viabilizar um segundo turno.
Mas cola também pela necessidade de amparo futuro. À deriva, Alckmin corre o risco de se tornar uma espécie de Fredo Corleone do tucanato, pescando no meio do lago enquanto reza a Ave-Maria final.
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