Por Pierre Lucena*Professor e administrador pierre.lucena@contagemweb.com.br Em seminário realizado esta semana, promovido pela Contagem e pelo JC, foi debatido o tema Crescimento Econômico Sustentável, em particular para o Nordeste.

A mesa contou com a presença do Presidente da Fiepe, Jorge Corte Real, e do Presidente do Complexo Industrial Portuário de Suape, Matheus Antunes, além da participação do Professor de Economia José Raimundo Vergolino, e da minha, representando a Contagem.Um dos temas mais discutidos foi a poss?vel recriação da Sudene, já aprovada pela Câmara dos Deputados.

Aproveitando o gancho, lanço aqui a seguinte indagação: até que ponto vale a pena termos novamente um órgão responsável pelo planejamento da região?Após o fechamento da Sudene, em 2001, o Governo Federal resolveu criar uma agência com funções similares.

A Adene - Agência de Desenvolvimento do Nordeste - por vários motivos, já nasceu morta.

O mais relevante entrave a seu funcionamento foi a designação de técnicos sem nenhuma expressão no meio pol?tico ou acadêmico para sua administração.

Como poderia o Governo gerar alguma expectativa positiva na sociedade através de uma agência nova, se para lá mandava gente sem voto e sem liderança acadêmica?A dúvida que atualmente paira sobre esta nova Sudene diz respeito à formatação a lhe ser dada.

Seria melhor apenas um órgão de planejamento ou uma entidade financeira?Dentro desta perspectiva, surge a questão: se recriarmos a Sudene sem uma fonte de financiamento expl?cita e constante, ela vai ser respeitada?

Eu duvido muito, e faço aqui uma comparação.Os órgãos de planejamento estaduais e federais vêm sofrendo um enorme esvaziamento, justamente pela mudança de perspectiva nas administrações.

Para fins de gerenciamento, a principal arma com que contam os secretários é o orçamento, e ele por si só não vem sendo suficiente para impor respeito diante de outras pastas, divididas entre as diversas forças pol?ticas.Tanto isso é verdade que os dois últimos governadores, Jarbas e Arraes, acabaram repassando aos Secretários de Planejamento, José Arlindo e João Recena, respectivamente, atribuições praticamente executivas.

Projetos como o Governo nos Munic?pios e o Prodetur serviram para conferir prest?gio a seus executivos ou para manter tais ações dentro da máquina pública.Os profissionais citados acima são altamente qualificados, tanto pol?tica como academicamente, e muito próximos a seus governadores.

O bem sucedido trabalho de Arlindo e Recena resultou no inchaço da pasta.

Imagine quem poderia assumir a liderança no caso da Sudene.

Eu não consigo visualizar muitos poss?veis candidatos.

Segundo colocou o Professor Vergolino, sem uma grande liderança intelectual e pol?tica, será imposs?vel uma Sudene forte, no que tem absoluta razão.Se aceitarmos a conversa de que a Sudene tem que ser apenas um órgão de planejamento, porque do contrário a roubalheira vai ser muito grande, estaremos abrindo mão da possibilidade de uma linha exclusiva de financiamento para o Nordeste.

E, sinceramente, órgão de planejamento sem dinheiro em caixa é como pol?tico sem voto, todo mundo ouve, mas ninguém leva a sério. *Pierre Lucena, 35, doutor em finanças pela PUC-Rio, Mestre em Economia e Administrador pela UFPE, é professor-adjunto da Universidade Federal de Pernambuco, sócio da Contagem Consultoria Estratégica e Pesquisa.

Foi secretário-adjunto de Educação do Estado. É Coordenador do Núcleo de Finanças e Investimentos do Departamento de Ciências Administrativas da UFPE (NEFI).