Analista pol?tico dos mais respeitados no pa?s, Martins faz uma interessante avaliação da história recente do Brasil, principalmente da corrupção no governo Lula, em entrevista à revista Caros Amigos.

Veja trechos: Da Caros Amigos Aos 14 anos ele já se considerava comunista; só não entrou para o PCB por causa do golpe militar.

Escolheu a luta armada, participou do seqüestro do embaixador americano, treinou guerrilha em Cuba, caiu na clandestinidade.

No fim da ditadura retomou a carreira de jornalista, chegando aos poucos às grandes redações.

Analista pol?tico consagrado, aprendeu a falar ao grande público em horário nobre, como comentarista do Jornal Nacional.

Mas como conciliar o tom sóbrio e rigoroso de suas análises com a cobertura da Globo do “escândalo do mensalão????

Franklin Martins mudou de emprego e manteve as convicções.

Aqui, ele lança luzes sobre a história recente do pa?s na pol?tica e no jornalismo.

Trecho 1 Sérgio de Souza - Quando você fala “o governo roubou???, em que você se baseia concretamente?

O que eu acho que tivemos nesse processo a??

Processo muito complexo, muito complicado.

O PT sai com d?vidas de campanha e mais, com acordos de campanha.

O que quer dizer o seguinte: fechei acordos com alguns partidos pra repassar dinheiro, no caso, PTB, PL, PP.

Vamos pegar o exemplo do PL porque é o mais conhecido de todos, do Valdemar da Costa Neto.

O PL indicou o candidato a vice do Lula, o José Alencar.

A?, o Valdemar da Costa Neto vira pro José Dirceu - isso não é lenda, foi feito, isso é fato, os dois admitem - e diz o seguinte: “Mas, Zé, estamos abrindo mão do nosso candidato majoritário, vamos ter dificuldade pra eleger nossos candidatos, então precisamos de mais recursos???. “Tá bom, Valdemar, de quanto você precisa???? “Vinte milhões.??? “Mas o que é isso, enlouqueceu????

Conversa daqui, conversa dali, acertaram em 10 milhões.

Isso é algum crime?

Não, desde que seja registrado na Justiça Eleitoral. É perfeitamente legal, um partido pode doar ao outro, são os acordos eleitorais, mas não registraram.

Passou a ser uma doação clandestina, e o Valdemar recebeu 10 milhões de reais para administrar como quisesse, para lubrificar deputados.

Por isso, a bancada do PL cresceu de vinte e poucos deputados que elegeu para quarenta e tantos.

Ele foi comprando passe de gente.

Outra parte, imagino eu, não quero afirmar com todas as letras, Valdemar da Costa Neto botou no bolso, que ninguém é de ferro…

Trecho 2 Sérgio de Souza - Mas os donos dos ve?culos você não acha que têm um viés tucano?

Não estavam fazendo oposição ao governo igual ao ACM Neto?

Prefiro considerar que era complicada a cobertura.

Vou dizer uma coisa que, depois de tudo o que falei, parece uma heresia: a imprensa se transformou numa indústria e a indústria da informação se transformou numa indústria, tão pesada, tão cara, que ela não pode se dirigir a um público partidarizado.

Os grandes jornais, as grandes rádios, as grandes televisões não podem ficar se dirigindo para um público só partidarizado, não conseguem.

São obrigados a se dirigir a um público plural.

Trecho 3 Sérgio de Souza - E a Veja?

A Veja é um caso diferente.

Eu não falo sobre nenhum órgão.

A Veja ultrapassou todos os limites, não entendo por que a Veja fez isso com a Veja.

Uma coisa estarrecedora.

Publicou pelo menos três grandes barrigas: o negócio das Farcs, o negócio dos dólares de Cuba e o negócio do Daniel Dantas.

O do Daniel Dantas é uma alucinação.

A Veja: “Eu não acredito nisso que estou publicando, mas vou publicar assim mesmo antes que alguém publique???.

Acho que ela será julgada também.

Trecho 4 João de Barros - A estratégia do presidente de fazer comparação com o governo anterior então dá vantagem a ele?

Evidente.

Por isso ele faz.

Vê se ele faz em corrupção?

Não.

Não é que não teve, mas é que não é legal pra ele.